Especial DuB!agem: Saulo Vasconcelos
Por Saulo Vasconcelos
“Eu fui fazer meu teste para o ‘Moana’ como qualquer outro teste de dublagem, onde o estúdio te liga e simplesmente pergunta se você tem um horário de X a X horas, mas sem te dizer para o que é ou do que se trata.
Quando eu cheguei lá me falaram que era para um filme de cinema (porque existe uma diferença entre cinema e televisão, o trabalho de cinema é mais rebuscado e o de televisão um pouquinho mais a toque de caixa) e aí me falaram que eu faria teste pra um personagem que era um caranguejo gigante de nome Tamatoa, de um filme da Disney que se chamaria ‘Moana’. Esse Tamatoa tinha uma participação bem modesta no filme, então fui lá, fiz e fui embora pra casa para esperar o resultado – ou não. Aí depois me ligaram de novo, falaram que tinham gostado muito da minha voz e pediram pra voltar e fazer um outro teste, para outro personagem…
Eu fui lá achando que era também um outro personagem de menor relevância, mas esse personagem se chamava Maui. Me pediram pra fazer um teste de música e um teste de texto falado, o teste de música foi o rap que entra no meio da canção ‘De Nada’, uma parte toda faladinha, mas em uma velocidade super estonteante, e aí peguei a letra já gravei, fiz um pouquinho do refrão também, que tem um agudinho que o artista tinha que alcançar para o papel e fui embora. Quando eu voltei pra casa a Maria Inês me ligou e falou que eu tinha passado.
Me lembro que ela falou muito empolgada, ela ficou mais empolgada com o fato de eu ter passado do que eu mesmo (risos), porque na verdade eu não sabia que seria um projeto tão grande, tão gigantesco, e aí quando me ligaram pra marcar o cronograma de gravações me falaram que seriam 20h de gravação em uma semana, e aquilo me impressionou porque geralmente a gente grava uma horinha e termina, as vezes não fica nem sabendo onde que passou, em que canal, enfim, só sabe o nome do projeto sem muitos detalhes. E aí finalmente estreou o filme e as pessoas começaram a me mandar mensagem falando “-Nossa ouvi você no cinema, tá muito legal, parabéns!”.
Inclusive o falecido o Tumura, meu querido amigo, foi a última mensagem que ele mandou e ele não era de mandar esse tipo de mensagem, ele via, admirava, mas não mandava nada porque somos assim mesmo, nós nos conhecemos e sabemos do talento de cada um, e ele me mandou uma. Teve também um aluno meu, foi dele a primeira mensagem de reação, se dizendo impressionado, e até hoje tem boas repercussões, até hoje eu mando áudios para famílias que me pedem. Eu não faço nunca em vídeo para não perder o encanto da criança, então mando sempre em áudio pra ela achar que é o Maui que está falando com ela diretamente, falo o nome da criança pra não ter dúvida, e é muito gostoso. Sem dúvida foi o trabalho mais especial e significativo que fiz na dublagem, definitivamente”.