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Os 92 anos bem vividos de Bibi Ferreira

Há 92 anos, no Rio de Janeiro, e com a chegada de um novo mês, nascia uma estrela. Com destino iluminado e um futuro promissor, Abigail Izquierdo Ferreira vinha ao mundo trazendo consigo uma serie de dons e aptidões, que anos depois, fariam dela a diva Bibi Ferreira, a atriz, cantora, diretora e compositora brasileira, aquela que leva o titulo de Primeira Dama do Teatro, e é uma grande referencia para o teatro musical brasileiro.
Em cena pelos palcos do mundo até hoje, esbanjando saúde e talento, a aniversariante do dia pode ser considerada também a aniversariante do mês, e sua vida pode ser celebrada de forma tripla, uma vez que de acordo com sua mãe, Bibi nasceu em 01 º de junho, de acordo com o pai, em 04 de junho, mas de acordo com sua certidão de nascimento, a data seja 10 de junho.

Bibi Ferreira e os pais - Foto: Divulgação
Bibi Ferreira e os pais – Foto: Divulgação

Filha do ator Procópio Ferreira e da bailarina espanhola Aida Izquierdo, a arte já corria pelas veias de Bibi, o que ninguém esperava, era que sua estreia por trás das cortinas fosse acontecer tão cedo. Com menos de um mês de vida, ela substituiu uma boneca que seria usada em uma cena da peça “Manhãs de Sol”, de seu padrinho Oduvaldo Vianna, e que desapareceu pouco antes do espetáculo começar.

A partir daí, sempre vivendo em meio à dança, a atuação e ao canto, não demorou muito para que a descobrissem, e isso foi logo aos sete anos, após voltar da Espanha, onde morou com a mãe desde bebe, quando os pais se separaram. Bibi se tornou a atriz mirim mais querida da Cidade Maravilhosa, entrou para o Corpo de Baile do Teatro Municipal, e só saiu de lá depois de muito tempo, para estrear na companhia do pai.

Dona de uma bagagem especial, depois de estudar teatro em Londres, Bibi conheceu o cinema, em 1936, participando do longa “Cidade Mulher”, e em 1941 estreou profissionalmente no mundo do teatro, na peça “La Locandiera”, no papel de Mirandolina.
Logo a atriz deu um passo ainda maior na carreira, e em 1944 montou sua própria companhia teatral, “Companhia Bibi Ferreira“, onde reuniu alguns dos nomes mais importantes da historia do teatro brasileiro, como as atrizes Cacilda Becker, Maria Della Costa e o ator Sergio Cardoso, se tornando assim, uma das primeiras mulheres a dirigir teatro no pais.

191_1629-bibi6Em 1960, inaugurou a Tv Excelsior, com o programa “Brasil 600”, e é na mesma década que o teatro musical entra em sua vida – e na historia do gênero também, depois de uma temporada em Portugal, onde dirigiu peças por quatro anos.
Ao lado de Paulo Autran, estrelou o primeiro clássico, “Minha Querida Dama” (My Fair Lady), em 1964, que deu sequencia a uma serie de outros trabalhos em musicais de teatro e televisão, como “Alô, Dolly!”, ao lado de Hilton Prado e Lísia Demoro, “O Homem de La Mancha”, onde viveu Aldonza/Dulcinéa, repetindo a parceria de sucesso com Autran, em 1972, e “Gota D‘Água”, uma adaptação da tragédia Medéia, de Eurípedes, com canções de Chico Buarque e Dorival Caymmi, que lhe rendeu o Prêmio Molière, por sua Joana, em 1975.

Bibi, que durante toda década de 80, foi responsável por assinar a direção dos mais variados projetos, que vão desde anúncios de propaganda, até peças teatrais e musicais de pequeno, médio e grande porte, ganha destaque especial em 1983, quando trouxe ao palco (depois de cinco anos afastada dele) sua admiração pela cantora francesa Edith Piaf, estrelando A Vida de uma Estrela da Canção, sucesso de publico e critica, visto por mais de um milhão de espectadores durante os seis anos em que ficou em cartaz, e que lhe rendeu prêmios importantes, como Mambembe e Molière, em 1984 e, Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo (APETESP), Pirandello, e Governador do Estado, em 1985.

Nos anos 90, Bibi Ferreira escolheu reviver dois grandes momentos de sua carreira – das décadas de 70 e 80, remontou “Brasileiro, Profissão Esperança” e resgatou sua ligação com Piaf, em “Bibi Canta e Conta Piaf”, que estreou em 1992, em praça publica, no Rio de Janeiro, e é apresentado até hoje .
Comemorando meio século de carreira, a estrela brilhou acompanhada de uma Orquestra em “Bibi in Concert”, que depois de alguns anos de turnê, ganhou uma sequencia, com “Bibi in Concert 2”. Encenou também uma versão musical inovadora de “Roque Santeiro”, sucesso da teledramaturgia brasileira, e pela primeira vez viveu a experiência de dirigir uma opera, “Carmem”, de George Bizet, em 1999. No ano 2000, ela surge em “Bibi Vive Amália”, espetáculo onde vive a cantora de fado Amália Rodrigues, e arrebatando plateias também em Portugal.

Sem ter parado de trabalhar em momento algum e mesclando diversos projetos e parcerias, Bibi Ferreira celebrou em 2012 seus 90 anos idade e 70 de carreira, com o show “Bibi – Historias e Canções”, que teve sua reestreia na ultima sexta, 30, no Teatro Shopping Frei Caneca, em São Paulo, onde acompanhada pelo maestro Flávio Mendes, revisita os grandes momentos de sua vida, cantando canções de fado, tango, ópera, clássicos do teatro musical nacional e internacional, entre outros gêneros, tudo com tamanha lucidez e bom humor, segredos que mantém seu brilho aceso, e sua historia viva há exatos 92 anos.

Feliz aniversario, Bibi Ferreira!

Fotos: acervo de Orias Elias – revistas Amiga (Bloch Editores), Contigo (Editora Abril), Sétimo Céu (Bloch Editores), Romântica (Editora Vecchi), Melodias (Editora APA), Manchete (Bloch Editores),Cartaz (Rio Gráfica e Editora SA), Intervalo (Editora Abril), O Cruzeiro, Jornais Diário de São PauloFolha de São PauloImprensa Oficial, site TV Globo, Acervo Funarte, sites da Internet, programas das peças protagonizadas por Bibi Ferreira 

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Grazy Pisacane

Jornalista Cultural e Assessora de Imprensa, especializada há 10 anos no mercado de teatro musical.

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