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Musical “O Samba Carioca de Wilson Baptista” chega a Belo Horizonte neste fim de semana

O teatro musical brasileiro também tem tido seu espaço. E nada melhor do que o resgate da nossa história e música sobre o grande sambista Wilson Baptista.

Asamba

Vencedor do prêmio FATE 2010 e sucesso de público e crítica no Rio de Janeiro, o musical “O Samba Carioca de Wilson Baptista” chega a Belo Horizonte para uma curta temporada a preços populares. O espetáculo, que traça um perfil biográfico do sambista Wilson Baptista, é resultado de dez anos de pesquisa do autor e ator Rodrigo Alzuguir.

No palco, o clima é leve e descontraído, como o dos antigos cabarés da Lapa. Os atores Cláudia Ventura e Rodrigo Alzuguir narram, cantam e encenam os principais episódios da vida do compositor, o preferido de Paulinho da Viola.  A dupla se reveza nos papéis dos diversos personagens que povoaram a trajetória de Wilson Baptista: as mulheres amadas, os parceiros Ataulfo Alves e Roberto Martins, a cantora Aracy de Almeida e até o ex-presidente Getúlio Vargas.
Musical O Samba Carioca de Wilson Baptitsta4_divulgação
Crédito: Kiko Vieira
 
Detalhes pitorescos da história de Wilson Baptista também estão no espetáculo. Numa das passagens, a famosa polêmica musical ente Wilson e Noel Rosa é contada na íntegra, incluindo o samba “Deixa de ser convencida”, que selou o fim da disputa. Além do viés biográfico, o roteiro inclui três bem humorados “interlúdios” ficcionais, onde os atores dão vida a tipos criados pelo compositor, como a dona de casa Etelvina e o malandro Hidelbrando (Etelvina/ Acertei no milhar/ Ganhei quinhentos contos/ Não vou mais trabalhar…).
Os atores Rodrigo Alzuguir e Claudia Ventura, em entrevista ao B!, contam sobre a escolha do tema e do artista para o musical:
A primeira razão de escolhermos este sambista para um musical, e mais gritante, é que o Wilson foi um dos compositores mais criativos, geniais e profícuos da sua geração. E, claro, com isso, criou sambas que merecem ser cantados e cantados e cantados. Além disso, uma das características mais marcantes da sua obra é a capacidade de retratar sua época, sua cidade, os personagens que frequentam essa sua realidade… Com isso, fica ainda mais sensacional colocar em cena, de forma teatral, a sua obra. Seus sambas trazem, de forma recorrente, alguns personagens e a reunião destas músicas forma uma mini opereta – uma diversão para qualquer ator…
Nosso Samba Carioca de Wilson Baptista traz parte dessa obra – vastíssima – do genial Wilson Baptista.” – diz Claudia.
Musical O Samba Carioca de Wilson Baptista 5
Crédito: Kiko Vieira
Rodrigo: “O Samba Carioca de Wilson Baptista” é o primeiro projeto derivado de uma longa pesquisa iniciada por mim em 2000, sobre o compositor, e que foi concluída com a biografia que acabo de lançar pela editora Casa da Palavra. Levar os personagens e a música de Wilson para o palco é apresentar a sua obra de uma forma muito simpática, bem humorada e divertida. Muita gente sai encantada com o Wilson, e contaminada de um certo “inconformismo” saudável por ele não ser mais tão conhecido hoje em dia, como foi nos anos 1940 e 50, quando fez muito sucesso. Essa é a missão. Recolocar Wilson Baptista no assovio do povo. É um trabalho de formiguinha, mas vejo que está dando resultado.”
Wilson

Você sabe quem foi Wilson Baptista?

 
Natural de Campos dos Goytacazes, de uma família ligada à música, ao carnaval e ao movimento abolicionista, chegou adolescente ao Rio de Janeiro, no final da década de 1920. Na então capital do país, encontrou uma indústria cultural efervescendo de possibilidades. Jovens talentos da composição popular desaguavam sua produção nas rádios, gravadoras, editoras musicais e no teatro de revista. E ganhavam dinheiro com isso. Wilson agarrou esse prato com unhas e dentes.
É autor de sucessos como “Acertei no milhar”, “Emília”, “Oh, seu Oscar!”, “Meu mundo é hoje”, “Louco (Ela é seu mundo)”, “Mundo de zinco”, “Mãe solteira”, “Samba rubro-negro” e “Nega Luzia”, gravados por importantes cantores de sua geração.
Rodrigo e Claudia falam também dos talentos brasileiros e da importância de ser fazer musicais nacionais:
Acho maravilhoso termos cada vez mais musicais brasileiros circulando por aí. Temos uma das melhores músicas do planeta – por que não levá-la para os palcos? No caso dos musicais biográficos como o nosso, acho que é um desafio encontrar soluções criativas que façam do espetáculo mais do que apenas a narração de fatos entremeadas com músicas ilustrativas. Em se tratando de Wilson Baptista, tivemos alguns facilitadores, já que a obra dele já é por natureza super teatral. Há sambas, como “Oh, Seu Oscar” e “Papai, não vai”, em que dois ou três personagens dialogam, e que funcionam em cena quase que como minioperetas.”– diz Rodrigo.
E é importante registrar que no Brasil temos MUITOS talentos esquecidos, muitas obras esquecidas, então é muito importante que sejam feitos musicais trazendo para o palco essas biografias, essas canções… é a nossa história que é trazida para o conhecimento das gerações que não viveram as décadas de 20, 30, 40… décadas que reuniram grandes compositores! Dentre eles, nosso amado Wilson!!!! Já fiz espetáculos sobre Antonio Maria, Mario Lago e Ary Barroso. Sempre momentos maravilhosos de resgate dessa nossa memória!!!“- diz Claudia.
O projeto, em cartaz no teatro Marista Dom Silvério, nos dias 17 e 18 de maio, ainda vem acompanhado da Palestra: “Wilson Baptista e seu tempo” no dia 16 de maio, e da Oficina: “Quando a canção é dramaturgia”, no dia 17 de maio.
Inscrições pelo email: wilsonbaptista100anos@gmail.com

Ficha técnica:
Dramaturgia: Rodrigo Alzuguir e Claudia Ventura
Direção: Sidnei Cruz
Atores: Claudia Ventura e Rodrigo Alzuguir
Direção musical: Roberto Gnattali e Nando Duarte
Músicos: Nando Duarte, Luis Barcelos, Levi Chaves e NaifeSimões
Luz: Aurélio de Simoni
Cenário e figurinos: Carlos Alberto Nunes
Coordenação de produção: Carol Miranda
Realização: DasDuas Cultural

Serviço:
“O Samba Carioca de Wilson Baptista”
Datas: 17 e 18 de maio (sábado e domingo)
Horários: sábado, às 21h, e domingo, às 19h
Local: Teatro Marista Dom Silvério
Avenida Senhora do Carmo, 230 - Bairro São Pedro – BH/MG
Capacidade: 395 pessoas
Ingresso: R$ 20,00 (inteira); R$ 10,00 (meia)
Duração do espetáculo: 1h30

 

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