Encontro de histórias de Lampião e Lancelote vira duelo em palco paulistano
Desde o dia 14 de março a capital paulista foi invadida por dois grandes personagens da história, dois ícones que deram a ela novas cores e novos ares, uma mistura do medieval prateado com o acobreado do cangaço. Em cena, o musical “Lampião e Lancelote”, narrado e intermediado por Cássio Scapin, apresenta um duelo cultural entre duas famosas figuras masculinas, Lancelote, o cavaleiro da Távola Redonda de Rei Arthur, interpretado por Leonardo Miggiorin, e Lampião, o eterno “Rei do Sertão”, o cangaceiro mais conhecido do Nordeste brasileiro, papel de Daniel Infantini.
Juntos, eles apresentam à plateia uma série de semelhanças em meio a muitas diferenças, e com a ajuda dos cenários que se misturam, deixam claro com o que se importam e representam; Para duelar abrem mão de suas armas de ferro e dão lugar à palavra cantada, à frase rimada e à poesia; E para se defenderem no embate, usam de uma arte tradicional do folclore brasileiro, o repente, cuja origem vem dos trovadores medievais e coincidentemente é muito usada pelo povo nordestino, desse modo tentam justificar desde a vestimenta que os protege, a arma que os defende, até o “bando” que os segue; Lampião faz referência à literatura de Cordel, enquanto Lancelote traz elementos da novela de cavalaria, e todo esse diálogo comparativo acaba contribuindo para que os personagens cedam à suas origens e as respeitem, evitando que o final seja fatal. Eles conseguem enfim transparecer a simplicidade de suas vidas de forma amigável, em clima de festa, e em tom muito bem humorado.
Com um foco voltado especialmente para as referências e culturas da época, o musical que é uma adaptação homônima da premiada obra literária de Fernando Vilela, lançada em 2006, ainda intercala o amor companheiro de Maria Bonita, interpretada por Luciana Carnieli, com a vingança apaixonada da Bruxa Morgana, vivida por Vanessa Prieto, a responsável pelo encontro entre os dois guerreiros – acontecimento que resulta de um feitiço. A história ainda conta com uma trilha sonora de raiz bastante característica, composta por 12 canções, e que ressalta a bem sucedida direção musical do cantor popular brasileiro Zeca Baleiro, conhecido por seus sucessos e regravações como “Lenha”, “Telegrama” e “Flor da Pele”.
No elenco 9 nomes, Cássio Scapin, Leonardo Miggiorin, Daniel Infantini, Luciana Carnieli, Vanessa Prieto e Ale Pessôa, muito bem acompanhados em cena por três músicos instrumentistas que tocam ao vivo: Ana Rodrigues com seu acordeón, Bruno Menegatti com seu violão e sua rebeca e Tarita de Souza, com sua flauta doce.
Com a direção de Debora Dubois e texto de Braulio Tavares, o musical que acerta em seus figurinos caprichados, assinados por Márcio Vinicius, e os delicados e simbólicos elementos cenográficos de Duda Arruk, está em cartaz no Centro Cultural FIESP – Ruth Cardoso, no Teatro do Sesi, em São Paulo, até o dia 30 de Junho, tem a entrada gratuita às quintas e sextas e preço popular aos finais de semana.
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