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Cristiano Gualda e Anna Bello fazem “bagunça” em musical com canções de Chico Buarque

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644683_451265098285226_729993352_nUm musical que já sai na vantagem. Assim começa uma avaliação da crítica de teatro mais conceituada no Rio de Janeiro, Bárbara Heliodora, sobre o espetáculo “Na bagunça do teu coração“. O resultado não é apenas fruto do trabalho de Cristiano Gualda e Anna Bello, casal de protagonistas do musical, ou do texto de João Máximo e Luiz Fernando Viana, mas também das 22 canções de Chico Buarque que fazem parte do roteiro da peça.

O musical conta a história de “Ele e Ela”, um casal que se conhece no Reveillón do Rio de Janeiro e durante um ano, se encontra e desencontra várias vezes. O espetáculo estreou em 1998, no teatro João Caetano, tendo no elenco nada mais, nada menos, do que Cláudia Netto e Claudio Botelho. Foi após assistir a essa estreia que Anna Bello se apaixonou pelo espetáculo e decidiu montá-lo.

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Cláudia Netto e Claudio Botelho na montagem de “Na bagunça do teu coração” na primeira montagem do musical, em 1998. Foto: UOL Entretenimento

Há uns dois anos eu comecei a querer realizar um projeto pequeno de musical, com poucos atores, e me lembrei desse espetáculo. Daí eu procurei os autores para conseguir os direitos de produzí-lo. Estreamos em uma rápida temporada de duas semanas na Caixa Cultural em dezembro de 2012 e retornamos em abril, no Teatro dos 4“, conta Anna, que inicialmente, não havia escalado Cristiano para ser seu par neste musical.

Quando eu recebi o convite da Anna eu estava no intervalo da temporada de Quase Normal, entre Rio de Janeiro e São Paulo. Eu aceitei sem pensar muito. Para mim é um privilégio participar de “Na bagunça do teu coração”, eu recebi esse convite como se tivesse aceitado fazer um espetáculo de Shakespeare. No Brasil, você não pode querer nada mais sofisticado, inteligente e bonito do que cantar as canções do Chico“, diz Cristiano.

Cristiano Gualda, João Máximo (um dos autores do musical) e Anna Bello
Cristiano Gualda, João Máximo (um dos autores do musical) e Anna Bello

Canções encantam atores e o público

Contando apenas com dois atores no elenco, que se desdobram em mais quatro personagens cada um, além do casal principal, lidar com o cansaço é um dos principais desafios de Cristiano e Anna. Não há pausa para respiros e toda a ação depende exclusivamente dos dois durante os 80 minutos da peça. Mas todo desgaste é recompensado pelo prazer de se deliciar com as músicas de Chico Buarque, selecionadas especialmente para o espetáculo, algumas até menos conhecidas pelo grande público.

Segundo Cristiano, a conexão entre o texto e as canções do compositor são tão naturais, que parecem que foram escritas exclusivamente para o próprio espetáculo, mesmo sendo oriundas de outros musicais de Chico, como a “Ópera do Malandro” e “Suburbano Coração“. “As canções foram deslocadas de seu contexto original com criatividade. Por exemplo, em a “Ópera do Malandro” tem uma música que é cantada por uma mulher em uma situação completamente diferente da interpretação que Cristiano faz nessa peça“, explica Anna.

As música também acompanham as passagens de tempo, em datas como Carnaval, Festas Juninas, 7 de setembro e as diversas situações que todo mundo já passou em um relacionamento, como separações, brigas e reconciliações. Quando o casal fala sobre o seu distanciamento, eles cantam “Olhos nos olhos”; Nos momentos saudosos, é a vez de “Eu te amo” e quando o mote é a perda do amor, interpretam “Soneto”.

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A vantagem da poesia de Chico

Sendo um espetáculo completamente brasileiro, da concepção ao produto final, é fácil compreender porque o público cai nas graças do espetáculo. “A gente percebe que o público vai se contagiando com a história e acompanha com a gente, quando você percebe as pessoas estão cantando baixinho junto as músicas” , comenta Cristiano.

Quando Anna Bello resolveu montar o espetáculo, ficou receosa de que o público recusasse a proposta, por ser um musical em que o texto não pede grandes cenários. “O espetáculo não pede grandes recursos. Eu acredito que no Brasil temos espaço para as duas coisas, tanto as montagens de musicais da Broadway, como para peças mais intimistas, como a nossa. A vantagem desse espetáculo, é que, por ser uma montagem brasileira não se perde a poesia, fato que ocorre quando se traduz um musical estrangeiro“, afirma a atriz.

Ainda na opinião de Cristiano, as músicas de Chico Buarque são um chamariz muito grande para o espetáculo, facilitando sua compreensão e aceitação em qualquer lugar do Brasil. Tal facilidade também permitiria levar o musical para outras cidades do país. Os produtores tem o desejo de estrear em São Paulo e outras capitais, mas aguardam novas propostas de patrocínio, além do apoio da Caixa Econômica, financiadora da temporada no Rio de Janeiro. “Esse é um espetáculo ótimo de viajar porque ele tem um apelo muito grande em qualquer lugar. Chico Buarque é patrimônio nacional“, diz Cristiano.

Anna Bello e Cristiano Gualda em cena
Anna Bello e Cristiano Gualda em cena
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