Tanz Der Vampire completa 15 anos
Além de nossa matéria especial sobre o musical, veja abaixo a entrevista com Janaina Bianchi e Myrthes Monteiro, as atrizes brasileiras que participaram de produções deste bem sucedido espetáculo
Neste ano, o musical originalmente escrito em alemão mais conhecido do mundo completa 15 anos de sucessivas produções. “Tanz der Vampire“ é baseado no filme “The Fearless Vampire Killers” (1967), do polêmico diretor Roman Polanski, que também é o criador da versão original do espetáculo, ao lado de Jim Steinman, responsável pela música e com roteiro e letras escritos por Michael Kunze. Desde sua estreia no Raimund Theater, em Viena, na Áustria, o musical já ganhou diversas versões pelo mundo a fora. A obra já foi adaptada em países como Polônia (2005), Japão (2006), Hungria (2007), Bélgica (2010), Eslováquia (2011), Rússia (2011) e Finlândia (2011).
Não há também como deixar de mencionar o fracasso na Broadway em 2002, devido às muitas alterações que foram feitas no roteiro do musical. O resultado foi um espetáculo com um roteiro deturpado lembrado até hoje com um dos maiores desastres da Broadway. Mas este furo não impediu que o musical chegasse a outros países e se tornasse o sucesso que é hoje. Basicamente uma sátira sobre todos os clichês vampíricos (alho, falta de reflexo em espelhos, medo de cruz), o que encanta em Tanz é a majestade da produção. Figurinos de época luxuosos, incríveis números de dança com duração chegando a 10 minutos quase despercebidos, solos, duetos, sextetos de fazer o teatro tremer. A música é a orquestração deste musical são um dos elementos mais intensos e interessantes, nos fazendo mergulhar na história, sentir medo do escuro ou deixar o riso solto.
O enredo conta a história de um cientista, Dr. Abronsius, que chega a Transilvânia acompanhado de seu assistente atrapalhado, o jovem Alfred, para investigar a existência de vampiros na região. Ao chegar a uma estalagem, são recebidos alegremente por um grupo de aldeões que insistem e negar que tais criaturas sejam reais, mesmo havendo um castelo na localidade. O dono da estalagem, um judeu chamado Chagal, convida os dois para passar a noite. Neste momento Alfred conhece a filha de Chagal, a bela e pubescente Sarah, no auge dos seus 18 anos. Os dois demonstram um certo interesse recíproco, mas o pai de Sarah proíbe que a moça saia da aldeia, com medo de ser raptada pelo vampiro Conde von Krolock.
A jovem aceita o convite do Conde e vai até o seu castelo, acreditando que ele a fará sua dama de honra. Na verdade, o vampiro apenas aguarda a realização de seu baile anual da meia noite para morder o pescoço de sua vítima e alimentar sua prole. No castelo, os dois passam por várias desventuras, como o encontro com o afeminado filho do nobre, Herbet von Krolock, que se interessa por Alfred, rendendo um dos duetos mais engraçados do espetáculo. Mais o número que mais se destaca é o dueto que abre o segundo ato, a canção “Totale Finsternis”, na verdade uma versão alternativa de “Total Eclipse of The Hearts”, eternizada na voz de Bonnie Tyler
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Muitas das canções do espetáculos são “sobras” reaproveitadas dos trabalhos de Steinman, como o solo do Conde, “Die Unstillbare Gier”, (Apetite Insaciável, em uma tradução livre) que tanto neste incrível interpretação de Kevin Tarte, quanto na voz de Steve Barton, o primeiro ator a dar vida ao vampiro (e também o primeiro Raoul, de O Fantasma da Ópera) demonstram a criatividade de Steinman.
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Outra canção reaproveitada é “Carpe Noctem”, originalmente do grupo alemão de monumental music E Nomine, um magnífico número de dança e canto coletivo, que representa um pesadelo de Alfred.
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Bate papo com Janaina e Myrthes
Para tentar descrever a emoção de participar deste espetáculo, nós entrevistamos duas brasileiras que participaram de produções distintas deste musical: Janaina Bianchi e Myrthes Monteiro, que se destaca como a primeira atriz latino-americana a interpretar o papel da protagonista Sarah, na mais recente montagem do musical na Alemanha. Myrthes também participará da montagem austríaca de “Fame”. As atrizes cantoras compartilham um pouco de suas experiências ao participar deste maravilhoso espetáculo:
Qual é a emoção de trabalhar em uma grande produção internacional?
Myrthes Monteiro: A emoção em trabalhar em produções como essas é realmente muito grande. Eu sou uma pessoa muito sentimental e é muito comum ver uma lágrima correr no meu rosto, seja no palco, seja backstage, seja no trem indo para o teatro. Quando percebo onde estou e agradeço muito a Deus. É realmente muito grande o amor que tenho pelo meu trabalho e sou muito grata por esta oportunidade.
E sim, a emoção em ser a primeira latina a interpretar o papel de Sarah e estando na Europa, onde a concorrência é forte, é também muito grande. Eu estou no show (Dança dos Vampiros) desde o final do ano passado e vou ter que sair do show (que continua até Agosto de 2013) no final de dezembro, quando me mudo para Vienna e começo a ensaiar o Legally Blond.
Janaina Bianchi: Bom, eu não fiz a produção da Áustria, mas sim as de Oberhausen e de Stuttgart, ambas na Alemanha, por dois anos. Eu já tinha tido a experiência de trabalhar com um elenco multi-culti, como se diz, com pessoas de vários países e culturas, quando fiz o Rei Leão aqui na Alemanha. Mas nos vampiros, ampliei ainda mais essas relações, com as mais diversas nacionalidades. No elenco havia atores, bailarinos e cantores de 15 países. Deixa ver se me lembro: Alemanha, Inglaterra, Áustria, Holanda, Suica, Hungria, Polônia, Itália, Bélgica, Escócia, República Tcheca, Estônia, Estados Unidos e Brasil, é claro. Realmente uma experiência fabulosa e muito enriquecedora.
Quais foram os principais desafios em “Tanz der Vampire”?
Myrthes Monteiro: Os desafios para mim em Tanz der Vampire foram muitos, começando pela língua. O texto é muito complicado e foram muitas (muitas!) horas de estudo para conseguir cantar quase sem sotaque. Vocalmente também é um papel bem difícil e também foram muitas as horas de estudo. A minha primeira audição para esse papel foi há 3 anos atrás e minha vida mudou desde então, pois a disciplina exigida foi muito grande. Não só com o alemão ou com a voz, mas também por exemplo com o tom da minha pele, há 3 anos que não posso tomar sol, ando sempre na sombra com protetor solar e sombrinha, rs. Mas vale à pena todo o esforço.
Janaina Bianchi: Principal desafio profissional para mim foi dançar, e nessa peca, a dança costura todo o show. É claro que as coreografias eram mais simples para os cantores, e muito complexas e desafiadoras para os bailarinos. Ainda assim não eram fáceis. É só dar uma olhadinha no Youtube. Procurem: Tanz der Vampire- Finale- Oberhausen, por exemplo. Mas como eu disse: com prática e esforço a gente chega lá, e eu consegui.
Qual a sua relação com o espetáculo?
Myrthes Monteiro: A minha relação com o espetáculo é muito forte, e acho que é devido ao empenho e dedicação tive. Às vezes quando as coisas acontecem facilmente, as pessoas não dão o valor necessário. Para mim, esse espetáculo é muito especial e tem um valor sentimental muito grande, especialmente o papel Sarah. O que eu sinto quando estou no palco é indescritível, tem uma cena onde Sarah se ajoelha na beira do procênio e começa a rezar por estar perdida com seus sentimentos e pela vontade de fugir para os braços do Conde Krolock, e a aldeia toda está rezando (em um coro maravilhoso) para proteger-nos contra a tentação, e é simplesmente a cena mais linda que eu já vi em um musical!
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E claro, todas as vezes que estou ali ajoelhada é uma emoção muito forte. Forte também é a emoção em cantar com grandes nomes do musical internacional, como Drew Sarich, famoso por seu incrível Jesus Christ Superstar, Thomas Borchert e Kevin Tarte, que foi o primeiro Graf Von Krolock na Alemanha.
Janaina Bianchi:
Tenho um carinho imenso pelos “Vampiros”. Nesse show conheci pessoas muito especiais. Fiz amigos que ficaram na minha vida, e ganhei bastante reconhecimento profissional aqui na Alemanha. Tenho uma relação muito boa, profissional e pessoal, com o diretor associado do show (Cornelius Baltus), que é o braço direito do Roman Polanski nessa produção. Mas não posso deixar de dizer, que uma das coisas mais fortes desse show, é a relação dos fãs com a gente. Eles são os fãs mais carinhosos que já conheci, incluindo os shows que fiz no Brasil. Nunca vi nada igual, a dedicação e respeito dos fãs dos “Vampiros”.
Acho que é essa magia, que cerca a lenda dos vampiros. As pessoas têm uma atração imensa pelo assunto. É muito sensual, e habita a fantasia da gente desde sempre. O visual da peça é impressionante: maquiagem, cabelos, figurinos de época (Sue Blane), os dentes, o sangue, tudo isso é muito forte. Mas a dança é sensacional. A coreografia (Dennis Callahan) é genial. Creio que é o grande diferencial desse show.
Deixe uma mensagens aos fãs brasileiros, jovens atores e aspirantes
Myrthes Monteiro: A mensagem que eu deixo para fãs e atores brasileiros, iniciantes na carreira é que sigam seus corações e que quando chegar desafios ou momentos que pareçam difíceis, lembrem-se do porque que escolheram esta carreira e do quanto amam fazer o que fazem. A arte é um dom e só é dado àqueles que tem a responsabilidade, o compromisso e o amor necessário para dar valor à ela. Depois do esforço vem sempre a recompensa 🙂
Janaína Bianchi: Para os fãs eu diria: nunca se contentem com pouco. Hoje em dia estão fazendo musicais sobre qualquer coisa, só se pensando no lucro imediato. Pensem bem na qualidade do que “consumir”. Informem-se sobre o shows, pecas e musicais, antes de comprar um ingresso. Não o façam só porque a vizinha, ou o sócio o fez, ou porque é moda. E mais uma outra coisa muito importante: nem sempre há um bom show, atrás de um nome famoso. Aliás, os melhores talentos do teatro musical brasileiro nunca fizeram nem ponta, nas novelas da Globo. Para os jovens atores eu diria: técnica é muito importante, mas não esqueçam da alma. Sem ela, ninguém pode convencer no palco.
E para fechar, nada melhor do que o número de encerramento de Tanz der Vampire! You’re gonna see vampires dance!
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