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Marcel Octavio detalha preparação para viver Scar em “O Rei Leão”: “Aceitaram minhas propostas”

Artista falou ao B! sobre o contato que teve com Julie Taymor, sua caracterização e a expectativa de uma longa temporada

A semelhança com o malvado leão da clássica animação da Disney impressiona o público logo na primeira cena de Marcel Octavio em “O Rei Leão”. Na pele do icônico vilão Scar, o premiado ator está encarando um dos maiores desafios de sua carreira. A transformação começa muito antes dele entrar em cena, pois sua caracterização dura ao todo uma hora – sendo 40 minutos destinados a maquiagem e 20 minutos só para colocar a roupa. O pesado figurino do tio de Simba ainda conta com uma máscara que fica acima da cabeça do ator, algo proposital, pois permite, assim como a máscara de Mufasa (Drayson Menezes), que o público veja as expressões do artista durante o show.

“A primeira vez que me vi com a maquiagem, eu não acreditei, porque eu viro outra pessoa. Quando coloco a máscara, o Scar ganha uma dualidade, tem o animal e o humano. Gosto de trabalhar com isso, pois torna hiper-realista o que o público está vendo, embora não seja naturalista. O legal é que ela não mexe, então você vê através do meu rosto as expressões que seriam da máscara, é como se as duas coisas fossem uma só”, comentou Marcel em entrevista ao B!.  A máscara só fica em frente ao rosto do artista quando ele curva seu corpo para demonstrar que Scar está em posição de ataque. “Posso deixar o extinto animal aparecer nas cenas quando eu quiser e depois posso voltar a forma humana.”

O espetáculo, que está há 26 anos em cartaz na Broadway e soma uma das maiores bilheterias do teatro musical no mundo, está sendo montado pela segunda vez no Brasil. Julie Taymor, criadora da obra, fiscalizou de perto a atual montagem de “O Rei Leão” e passou duas semanas no Brasil dirigindo o atual elenco. O intérprete de Scar definiu a diretora americana como respeitosa e aberta às sugestões do elenco, mas ressaltou que Julie ficou atenta para que as contribuições dos atores e as mudanças na tradução, que levaram em conta a cultura brasileira e estão nítidas nas piadas do musical, não afetassem a famosa narrativa que já encantou um público superior a 112 milhões de pessoas em todo o planeta.

Marcel Octavio demora uma hora para se transformar em Scar – Foto: Caio Gallucci

O zelo pela obra, que é uma réplica da produção que está em cartaz em Nova York, não podou o elenco brasileiro durante os dois meses de ensaio, garantiu Marcel. “Em nenhum momento a Julie ou o Anthony Lyn [diretor associado] chegou para mim e disse exatamente como eu tinha que fazer [em uma cena]. Eu tenho marcas técnicas que sou obrigado a cumprir por conta de luz e de andamento da cena. De resto, fiquei relativamente livre. Eles aceitaram minhas propostas”, explicou. “É o mesmo personagem da Broadway, o conceito é o mesmo. O que muda são as tintas que cada ator possui. Tenho o meu background de ator brasileiro, são mudanças sutis, mas isso torna o Scar de cada país interessante.”

Longa temporada

A ideia é que o Rei tenha uma vida longa no Teatro Renault, em São Paulo, e fique ao menos um ano e meio em cartaz, uma perspectiva que empolgou o ator coadjuvante do espetáculo. “Esse musical tem uma áurea que é magnética, tudo é muito grande e lindo de ver acontecer. É muito raro ver o público tão cativado por um musical. Essa ideia de uma longa temporada acaba sendo uma realidade diferente do tipo de teatro que a gente faz aqui no Brasil. É muito difícil as produções se manterem em cartaz por mais de cinco meses por falta de público e uma peça como ‘O Rei Leão’ não se paga com só cinco meses em cena.”

Marcel pontuou que o apoio da Disney fortalece a produção, mas a maioria dos títulos montados no eixo Rio-São Paulo não possuem a mesma sorte. “A gente depende muito de editais federais, estaduais e municipais para conseguir viver e manter as produções em cartaz. São poucas as peças nacionais que têm fôlego para ficar um ano em cartaz, é uma luta que temos nesse mercado nacional”, comentou o artista, que sonha em ver no Brasil espetáculos com longas temporadas assim como acontece na Broadway e em West End. “Temos capacidade artística e técnica para isso. Peças são rentais e geram muitos empregos.”

Veja a caracterização de Marcel Octavio:

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William Amorim

Jornalista com trabalho acadêmico de pesquisa sobre a história do Teatro Musical no Brasil, repórter de Entretenimento/Cultura na Jovem Pan, com passagens pelo Portal iG e pela Editora Globo, jurado do Prêmio DID e colunista do A Broadway É Aqui!

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