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“O Beijo no Asfalto’ estreia sua versão musical

Colaboração de Diana Dantas para o B!

Fotos: Alessandra Tolc

Dirigido por João Fonseca, espetáculo apresenta canções de Claudio Lins e traz no elenco Laila Garin, de “Elis, a Musical”

capa

Um beijo gay logo no início da trama. Muito antes da novela “Babilônia”, em 1961, Nelson Rodrigues já havia conseguido chocar a sociedade com a cena no espetáculo “O Beijo no Asfalto”. Hoje, mais de 50 anos depois da estreia, a versão do texto, musicada por Claudio Lins e dirigida por João Fonseca, tem a sua noite de abertura no Sesc Ginástico, no Centro do Rio, e mostra como ainda permanece atual. “Nelson era um cara sempre à frente do seu tempo, sem pudores na arte dele. E o assunto continua escandalizando, não como na época, mas continua”, diz Lins.

O ator e compositor conta que teve a ideia de montar o espetáculo em 2009, mas, por incentivo de Fonseca, decidiu fazer a versão musicada. “Primeiro fui ler as outras peças do Nelson para ver se tinha alguma outra que era mais fácil de adaptar. Mas eu queria mesmo era o ‘Beijo’. Tentei a começar a compor as músicas e fiz uma grande pesquisa musical das décadas de 50 e 60, que me ajudou a escrever essas canções. Só de 2010 para 2011 que mostrei ao João as primeiras músicas.”

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Na obra, Arandir (Lins) socorre um homem atropelado por uma lotação na Praça da Bandeira. Como último pedido, o acidentado lhe pede um beijo antes de morrer. Arandir concede. O fato é presenciado por seu sogro, Aprígio (Grancindo Jr.) e pelo jornalista Amado Ribeiro (Thelmo Fernandes), que decide transformar o ato de generosidade em uma manchete sensacionalista. A vida de Arandir é virada de cabeça para baixo e termina de forma trágica.

Calma, se você não conhecia a peça, isso não foi um spoiler!  Uma das novidades da nova montagem é que a trama começa pelo fim, com o tiro que mata Arandir. “Achei essa ideia do Claudio uma loucura. Ele pirou completamente. Pensei: ‘não vai dar certo’. Mas depois fez todo o sentido. Esse momento faz com que a gente justifique a ideia de um musical. Ninguém acorda cantando, só em musical. Quando se começa do fim, o texto já é colocado nesse outro lugar”, diz Fonseca. Lins garante ainda que a cena não prejudica o final. “Ainda há uma grande surpresa da história para ser revelada.”

Laila Garin, conhecida por protagonizar “Elis, a Muscial”, volta a fazer parceria com o diretor no papel de Selminha, a devota e apaixonada mulher de Arandir. “Ela começa, mas não termina a peça como uma boa menina. Ela vai perdendo a inocência de uma maneira muito dura. É maravilhoso fazer um personagem tão diferente da Elis.”

Primeira montagem

“O Beijo no Asfalto” foi escrito sob encomenda para atriz Fernanda Montenegro, em 1960, para a sua companhia o Teatro dos Sete. A peça estreou em 7 de julho de 1961, com direção de Fernando Torres, no mesmo teatro em que será apresentado agora. Além de Fernanda, intérprete de Selminha, o elenco trazia Sérgio Britto, Mario Lago, Ítalo Rossi, além de Francisco Cuoco e Sueli Franco, que estreavam nos palcos.

Tanto Cuoco como Sueli estavam presentes como convidados na coletiva de imprensa em que A Broadway É Aqui! participou. A atriz, que fazia o papel de Dália, conta que estava ansiosa para ver o texto musicado. “É emocionante a maneira como está sendo feita. A montagem está linda, os cenários, as luzes… Completamente aprovado!”.

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Cuoco, que começou a peça como Werneck, amigo de Arandir, e chegou a interpretar o protagonista como substituto, conta que ficou bastante emocionado durante as passagens de cena. “Assistir a essa montagem é como se olhar em uma fotografia preto e branco, com 20, 25, 30 anos. Lembrei muito do nosso espetáculo, que tinha um cenário muito bonito. Foi lindo o passado, e esse reencontro é um presente que a gente leva para casa dentro do coração.”

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