Conheça o processo seletivo inovador do Utópico Coletivo de Teatro
Pela segunda vez, o Utópico Coletivo de Teatro mergulha no complexo universo de Stephen Sondheim. Após realizar uma montagem de “Into The Woods“, a nova aposta do Coletivo, dirigido por João Gofman, é “Sweeney Todd – Barbeiro Demônio da Rua Fleet”, que estreia dia 4 de Agosto, no Teatro Alcione Araújo (Biblioteca Parque Estadual). Após uma seleção que recebeu cerca de mil e-mails – analisados um a um por Gofman – somente nove atores foram selecionados.
Um dos destalhes que chamou a atenção da produção foi o grande número de alunos da centenária, e atualmente Ocupada, Escola Pública de Teatro Martins Pena, que luta hoje para se manter de pé. Dos 9 selecionados, 4 são alunos. Os escolhidos foram Alan Hauer, Apollo Costa, Clara Equi, Erick Rizental, Jéssica Freitas, Otávio Hudson, Roberta Galluzzo e Santiago Villalba e Dennis Pinheiro, eleito para interpretar o personagem título.
“São atores – com a maiúsculo – que chegam com ‘sangue nos olhos’. Excelentes, com diversificas vivências em teatro. Mesmo alguns tendo feito a sua primeira audição para um musical podemos dizer que temos atores cantores de fato. Outra curiosidade é a postura dos atores que vieram da Martins e a noção de processo. É uma energia que agrega e que contamina os outros atores. O jogo desse elenco é muito rico”, ressalta o diretor do projeto
O Utópico Coletivo faz uso de um conceito de seleção que vai além dos “simples testes”. Oficinas são desenvolvidas com os participantes para que possam ser avaliados além do momento da audição e levarem consigo uma nova experiência.
“Selecionar por e-mail é muito ruim, não pelo processo mecânico, mas é muito difícil a gente determinar se a pessoa tem um ‘material interessante’ para participar do processo. Em contraponto com o cansaço produzido pela leitura de cada currículo, isso acaba garantindo um processo mais humano, a partir do contato com as pessoas. O Utópico ainda tem muito o que aprender e evoluir”.
É outra energia, é outro fogo, é centro do corpo, é outra presença.
Questionado sobre a decisão de optar por um ator negro para o papel título, João explica que prevaleceu nessa decisão o desempenho do ator uma questão de desempenho.
“Não houveram decisões “conceituais” ou provocativas para a escolha, eu vi um Ator que apresentou um excelente trabalho de corpo e voz capazes de dar vida a esse monstro que eu precisava ter em cena. Ai que eu falo que perfil não importa, o que é notável é a voz e o trabalho de ator incomparáveis. Admiro muito o Dennis, pessoa e profissional de qualidades únicas… O resto só verão em agosto!”, explica João.
Apesar da escolha, está não é a primeira vez que um ator negro é escalado para o papel de Sweeney Todd (e nem será a última!). Em fevereiro deste ano, uma montagem do espetáculo em Atlanta, nos Estados Unidos, contou com o ator negro Kevin Harris como protagonista. Recentemente, até na Broadway, o conceitos de “perfil” vem mudando e dando mais espaço ao talento e a diversidade. Neste mês, a produção norte-americana de “O Fantasma da Ópera” apresentou a sua primeira “Christine Daeé” asiático-americana, a atriz Ali Ewoldt e o primeiro Raoul afro-americano, Jordan Donica.
Kevin Harris vive o lendário barbeiro assassino da rua Fleet em produção norte-americana
O processo agora segue em Financiamento Coletivo, enquanto o elenco se prepara para a montagem que estreia na Biblioteca Parque no dia 4 de agosto. Neste link, estão disponíveis as cotas para colaborar com o espetáculo e mais detalhes sobre a produção, sem falar de recompensas que vão de lugar reservado a visita nos bastidores!
*Atualizado às 11h24 do dia 06 de julho de 2016.