Musical “Dom Casmurro” traz adaptação inédita para os palcos
Sob a direção de Zé Henrique de Paula e músicas de Guilherme Gila, o espetáculo é baseado na obra de Machado de Assis.
Foto de capa: Hallan Fidellis
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Saído das páginas da literatura para os palcos, o musical “Dom Casmurro” surpreende ao dar vida e melodia a um dos maiores clássicos brasileiros. Em cartaz no Teatro Estúdio, em São Paulo, desde 04 de novembro, a produção independente, que vem conquistando público e crítica, estendeu sua temporada até 10 de dezembro. Fruto de uma parceria entre A Casa Que Fala e a Tomate Produções, o musical inédito e original reinterpreta de forma ousada e emocionante a famosa trama de Machado de Assis, conduzindo o público por uma jornada repleta de ambiguidades, paixão e ciúmes.
Com texto adaptado por Davi Novaes, direção musical e músicas originais de Guilherme Gila e direção geral assinada por Zé Henrique de Paula, o espetáculo utiliza a linguagem do musical para destacar a riqueza psicológica da obra original. A direção de movimento fica a cargo de Zuba Janaína, responsável por trazer fluidez às cenas com uma abordagem corporal contemporânea.
“A ideia era manter a essência de Dom Casmurro, mas levar esse universo denso para uma narrativa musical que pudesse dialogar com os dias atuais”, explica Novaes. Ao longo de três anos de gestação, a adaptação encontrou em Machado de Assis a inspiração perfeita para uma produção que valoriza a literatura brasileira.
Para Gila, responsável também pela regência do espetáculo, a trilha sonora tem papel crucial ao ampliar as emoções dos personagens. “Optamos por gêneros como o rock e a MPB para construir um cancioneiro que reflete os sentimentos de Bentinho, Capitu e Escobar. Cada escolha musical é um retrato da alma dos personagens e dos conflitos internos da trama”, ressalta.
O elenco reúne nomes talentosos do teatro nacional. Luci Salutes interpreta Capitu, a enigmática e marcante protagonista, enquanto Rodrigo Mercadante vive Bentinho, o narrador obcecado por suas próprias memórias. Cleomácio Inácio dá vida a Escobar, o carismático amigo que gera dúvidas e confrontos, e Larissa Carneiro assume os papéis de Prima Justina e Sancha, figuras que permeiam os conflitos centrais da narrativa. Nábia Villela interpreta Dona Glória, a mãe influente nas decisões de Bentinho, e Fábio Enriquez vive José Dias, o intrigante agregado. Eduardo Leão interpreta Tio Cosme, parente que traz sensatez e conselhos ao protagonista. Juntos, o elenco e a banda ao vivo formam uma grande atmosfera vibrante, onde drama e música se entrelaçam para construir uma narrativa envolvente.
Além das atuações e da trilha sonora, o espetáculo conta com uma equipe criativa afinada. A cenografia, assinada por Zé Henrique de Paula, transporta o público para os cenários internos e psicológicos da obra, enquanto o figurino de Ùga agÚ recria com originalidade a atmosfera do século XIX. O desenho de luz, de Fran Barros, intensifica os climas da narrativa, e o desenho de som, de Cauê Palumbo, garante uma experiência sonora impactante. A produção técnica trabalha para transformar o palco em um ambiente dinâmico e repleto de significados visuais e sonoros, elevando ainda mais a grandiosidade da adaptação.