Especial ‘In The Heights’: Elenco da montagem brasileira relembra temporada
Atores falam da experiência de estrelar a produção em 2014 e da expectativa de ver a obra nos cinemas.
Em ritmo latino, embalado pelo lançamento de ‘Em Um Bairro de Nova York’, título brasileiro para a adaptação cinematográfica do musical ‘In The Heights’ – criação de Lin-Manuel Miranda -, a nova produção da Warner Bros. Pictures, dirigida por Jon M. Chu e com roteiro de Quiara Alegria Hudes, chega hoje, 17, aos cinemas; e para entrar no clima, o B! preparou boas surpresas.
O longa, baseado na obra homônima que em 2008 recebeu 13 indicações ao Tony Awards, conquistando quatro estatuetas, incluindo Melhor Musical e Melhor Partitura, diverte, emociona e convida a dançar entre uma cena e outra, ao mesmo tempo que aborda temas relevantes e atemporais, como a imigração latina, a conquista de um lugar ao sol e a realidade dos “sonhos grandes”, que muitas vezes mudam os rumos da vida e não saem como planejados, porém, mostrando que, com ‘paciência e fé’, sempre se pode começar, recomeçar, continuar…
A novidade nas telas desperta a saudade do que já pôde ser visto nos palcos, em 2014, quando ‘Nas Alturas – Um Musical da Broadway’ aterrizou no Teatro Bradesco, em São Paulo, produzido pela 4ACT Entretenimento, e com direção de André Dias, direção e coreografia residente de Thiago Jansen, direção musical de Paulo Nogueira e produção de Ricardo Marques.
Após sete anos da estreia, o B! convidou os atores Perí Carpigiani (Usnavi), Lola Fannuchi (Vanessa), Renata Brás (Daniela), Gabriel Malo (Sonny) e Rafael Dantas (Piragüero) para relembrarem suas experiências e falarem das expectativas de “reviver” essa história, agora nos cinemas.
…E não deixe de ler até o final para uma surpresa especial!
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B!) Qual foi seu primeiro contato com “In The Heights”?
Perí: Eu sempre alternei minha carreira entre o Teatro Musical e a Música, e após um bom tempo só trabalhando na área musical, o meu querido amigo André Dias, (que havia feito o papel de Angel em ‘RENT’ no mesmo elenco que eu), me ligou e me chamou pra fazer o teste pra um papel de uma peça de Teatro Musical bem atual, escrita em RAP. Ele me passou muito por cima do que se tratava. Eu amei a ideia. Foi uma conversa tão rápida, que eu só anotei o endereço do local da audição e no dia seguinte fui. Ele não me disse pra preparar cena nenhuma, só pra eu ir. Quando cheguei no local, percebi que eu não tinha perguntado pro André qual o nome da peça, kkkkkk. Aí, por sorte a amadíssima Lola Fanucchi, com quem eu já tinha trabalhado antes, estava lá e me falou que era o ‘In The Heights’. Aí eu fiquei em choque, porque eu já sabia que o ‘In The Heights’ era fenomenal e não imaginava que alguém fosse querer montar no Brasil. Tks 4ACT!
Lola: Ah, fã de musical, né mores? Vi que tinha lançado e já quis pesquisar vídeos no YouTube, decorar a trilha… Eu AMEI de cara! Tipo viciada MESMO. Achei incrivelmente criativo e inovador! Foi a primeira vez que ouvi rap nos moldes de musical e misturado com ritmos latinos que pessoalmente eu também adoro. Fiquei louca!
Renata: A primeira vez que escutei falar do Musical foi através do Tiago Abravanel, estávamos numa van no Rio de Janeiro indo para o teatro fazer ‘Hairspray’ e Tiago falava de um musical que misturava hip-hop e música latina que viria para o Brasil, achei aquela informação maravilhosa, sou Latina, tenho em meu sangue latente. Então fiquei atenta.
Gabriel: Em dezembro de 2009, assisti no Broadway! Fiquei louco com a peça mesmo sem entender muito inglês… as músicas e coreografias me conquistaram demais. Anos depois, em 2013, eu já estava morando nos USA e fui chamado pra ser coreógrafo associado de uma montagem em um teatro amador (community theatre production) em Montclaire/NJ e foi aí que me aprofundei mesmo nos temas da peça e fiquei ainda mais maluco com o espetáculo.
Rafael: Falar de ‘In The Heights’ é muuuuiiito especial pra mim. Foi um musical que me tocou muito quando assisti a primeira vez na Broadway, no início de 2010. Eu não esperava nada, mas, como já tinha ido muitas e muitas vezes pra NY, assistido a muitos musicais, achei a proposta de ‘In The Heights’ muito diferente e fiquei mega curioso pra assistir, já que ele já tinha ganho o Tony de melhor musical, em 2008. E ainda bem que fui!!! Foi uma grande e deliciosa surpresa!! Ver aquelas histórias, uma comunidade unida, pessoas que saem de seus países e suas cidades em busca de uma vida melhor… Isso tem tanto a ver com a gente, que não tinha como não ser arrebatador. Além disso, eu me identifiquei demais com um dos personagens, o Piragüero. Isso porque na época eu tinha 125 kg e nunca tinha visto em um musical um personagem gordo (mas com certeza com menos de 125 kg), sem ser caricato, com tanta agilidade corporal, que dançasse, tivesse uma voz incrível e que o peso não fosse um problema.
Fiquei com aquilo na minha cabeça e comentei inclusive com o Ricardo Marques, lá na 4Act sobre isso e ele me disse: eu estou trazendo ‘In The Heights’ pro Brasil. E sim, você tem tudo a ver com o Piragüero… Gente, depois desse dia, eu mal dormia!! Queria saber quando ia ser, quando ia acontecer, mas ele nunca me falava. Ricardo sempre separou muito bem a 4Act Escola (que eu era coordenador) e a 4Act Entretenimento.
B!) Se lembra de como foram os seus testes para o espetáculo? Comente sobre o processo.
Perí: Lembro sim, estavam lá o Maestro Paulo Nogueira, Ricardo Marques, e mais alguns outros profissionais da banca. Aí eu lembro que cantei uma música do Queen (The show must go on, acho…) e um Rap em inglês, aí me pediram um RAP em português e eu cantei A vida é desafio, dos Racionais MC’s inteira. Logo após isso, eles me pediram pra sair da sala e voltar como se eu estivesse entrando em um bairro aonde as coisas estivessem dando errado, com a intenção de convencer as pessoas a não desistirem de lutar pela sua dignidade. Detalhe é que não tinha ninguém na sala, só a banca. Não tinha outros atores pra contracenar. Foi um teste de improviso, um exercício cênico bem hard.
Lola: Foi muito inusitado e um tanto quanto mágico. Eu sempre sonhava em fazer musicais, mas nunca passava em nenhum teste. Eu ficava super nervosa, era uma agonia mesmo! Quando o ‘In The Heights’ começou a ser ensaiado aqui eu não tinha feito teste, porém a produção já me conhecia e precisava de uma pessoa para fazer swing (aquele ator que aprende diversos plots e entra quando necessário para substituir alguém no show). Eu lembro que era já o primeiro dia de ensaios e o Léo Rommano me ligou perguntando se eu podia ir para o ensaio para ser swing do espetáculo. Nesse momento eu estava na rodoviária do Tietê porque tinha acabado de voltar de viagem de MG e não tinha dormido nada porque não consigo dormir em ônibus (perrengue feelings… rs!), mas eu estava TÃO feliz com a oportunidade que fui para lá de mala e tudo! Durante o ensaio nós tivemos uma pausa e a produção me perguntou se eu poderia fazer um teste, porque faltava uma atriz para o papel de Vanessa também. Eu acho que só deu certo porque nem deu tempo de eu ficar nervosa ou analisar demais a situação. Quando eu vi estava eu, sem ter dormido, na sala com a equipe criativa, cantando o solo da personagem do jeito menos ensaiado possível. Tinha TUDO para dar errado. E foi a primeira vez pra mim que deu certo. Eu acho muito mágica essa história. Às vezes a gente se preocupa demais em sermos perfeitos nos testes, quando a gente só tem que ser, né?
Renata: Sim, me lembro que queria muito fazer o musical, precisei estudar algumas músicas entre intervalos de ‘Cabaret’ e as músicas referências eram em inglês e meu inglês não é lá aquelas coisas, tive pouco tempo para estudar e o que mais marcou foi que no meio do teste de canto eu esqueci a letra da música e improvisei um inglês inexistente, mas que tirou boas risadas da banca e o que deve ter me ajudado a fazer a Daniela rsrs.
Gabriel: O elenco já estava todo selecionado e os ensaios já haviam começado (acredito que já tinha rolado 2 dias de ensaio) e eles ainda não tinham um Sonny. Foi quando, recebi uma ligação do Leo Rommano me chamando pra audicionar, já me passando material de Sonny. Fiz testes de canto com Paulo Nogueira e passei. Comecei a ensaiar no dia seguinte.
Rafael: Quando os testes foram anunciados, eu na mesma hora separei material e enviei. Eu queria muito fazer o Piragüero. Os testes começaram. Primeiro o de canto, e eu passei. Depois veio o de dança e eu sofri muito… Foi meio catastrófico… Mas segui. Quando começaram os testes finais, eu não havia sido o primeiro escolhido. Fiquei super chateado, mas entendia. Além disso, eu estava ainda mais gordo, com 137 kg, sem agilidade, dificuldades de fato de dançar e cantar e me mexer ao mesmo tempo. No fundo eu sabia que poderia ter problemas, inclusive no joelho… Parece que não, e isso não é preconceito, mas hoje sei que um Musical é como correr a maratona. E não da pra não ter pelo menos algum preparo físico (hoje tenho 89 kg, corro e nado três vezes por semana, faço academia pelo menos 4 vezes por semana). No fim das contas, o projeto teve que ser adiado por um tempo…
No início de 2014, não lembro ao certo o mês (eu já tinha feito a cirurgia bariátrica e emagrecido quase 40 kg), estava coincidentemente no Teatro Bradesco, ia assistir ‘Alô, Dolly!’, quando meu celular tocou e vi que era o Léo Rommano (Diretor da 4Act Performing Arts e também da 4act Entretenimento). Faltavam 5 minutos para começar o musical e eu atendi. Achei que pudesse ser alguma coisa urgente, porque era um sábado a noite… Atendi e o Léo me falou:
– Rafa, você tá podendo falar agora?
-Léo, eu tô no Teatro Bradesco e vai começar o ‘Alô, Dolly!’ em cinco minutos. Se for rapidinho, da pra falar!!
Aí o Léo me falou:
-Ah!! Vc tá no Bradesco?
-Tô sim.
-Então… Eu tô te ligando pra pedir pra você olhar bem pra esse palco. Olha bastante pra ele. É grande né?
-É sim, mas eu não tô te entendendo…
-Tenho um convite pra te fazer: a gente vai começar a produção do ‘In The Heights’ e eu queria te convidar pra ser o Piragüero. Você topa?
Gente… Meu coração parou de bater ali, na mesma hora!! E quem disse que eu conseguia prestar atenção em ‘Alô, Dolly!’??? Nunca!!! Já estava imaginando o palco, como eu ia fazer pra decorar aquilo tudo de dançam como eu ia cantar a minha música, como seria a versão em português… Pirei demais!!!
B!) Conte um pouco sobre a construção do seu personagem e qual sentimento te desperta ao recordar.
Perí: Eu sou muito parecido com o Usnavi. Naquela época eu havia passado por alguns desafios na minha vida particular, que me ajudaram a fazer esse papel. Então, eu consegui encontrar o que eu tinha de parecido com o Usnavi e o que eu poderia aprender com ele. Tentei ser o mais intenso possível porque é bastante texto e a única forma de não me perder em tantas palavras era sentir exatamente o que eu estava interpretando. Deu certo.
Lola: Foi um processo intenso com a direção. Existiam momentos separados do elenco onde fazíamos exercícios que nos ajudavam a construir melhor em cima das nossas dificuldades. No meu caso específico eu trabalhei muito a coisa da sensualidade, pq na vida eu sou mais tímida com esse lado e a Vanessa é apenas um furacão. Podemos dizer que existia um gap entre nós… ahahah! Mas ensaiar é sobre descobrir essas coisas mesmo e eu relembro sempre com muita saudades porque gosto desse processo de construção.
Renata: Daniela foi o personagem mais marcante da minha vida, não precisei construir porque vivenciei tudo em minha real vida, sou filha de cabeleireira, minha mãe é dona de um salão de bairro e cresci dentro desse salão, fiz em homenagem a minha mãe e o valor emocional ficará para SIEMPRE DANIELA.
Gabriel: Foi muito especial pra mim poder falar de assuntos como desigualdade social, preconceitos relacionados à imigração e sonhos de melhora do mundo sob a ótica de um adolescente. O ponto de vista jovem sempre traz uma energia revolucionária para os assuntos da vida diária e isso me ensina muito. Resgatar o que existe de fresco e sonhador em mim foi uma prática muito gostosa durante o processo de ensaios e temporada. Minha amizade com Perí Carpigiani começou a se desenvolver bastante também e nossa cumplicidade começou a ser essencial para a construção das minhas ações na peça. Peri me recomendou um monte de referências musicais de RAP (que não faziam muito parte do meu repertório) e assim eu mergulhei de cabeça nessa viagem maravilhosa.
Eu havia acabado de voltar dos USA após ter tido uma recusa abrupta do meu visto para seguir com minha vida e carreira por lá, então a cada ensaio ou espetáculo eu vivia uma catarse fortíssima a respeito dos sonhos, decepções e incompreensões pessoais que eu estava vivendo na época. Extravasar essa energia com esse espetáculo foi essencial pra mim.
Rafael: Quando os ensaios começaram, eu não sabia muito bem pra onde ir com o Piragüero. Quem ele era? Não se tinha muita informação disso…. Era casado, separado, morava ali na comunidade há quanto tempo? Era um dos mais velhos e todo mundo gostava e respeitava…. Tive que ir buscando essas informações e com a incrível ajuda do Gustavo Torres que era o preparador corporal, a gente conseguiu juntos chegar no meu Piragüero…. Quantas saudades!!!!! Que processo lindo que foi essa descoberta desse personagem, que é praticamente uma entidade naquela comunidade…Como é bom relembrar de tudo isso… Como foi forte o processo… O ‘In The Heights’ é um musical que fala do dia a dia. Ele tem alegria, ele tem tristeza, emoções diferentes e lindas em cada pedaço do espetáculo, em cada canção…
B!) Qual era a cena e/ou canção favorita?
Perí: A música ‘In The Heights’ bate muito forte no meu coração, porque era um momento de extrema concentração antes de entrar em cena. ‘Breathe’ é maravilhosa. ‘96.000’ parecia um sonho fazer aquilo no palco ao lado do elenco mais “sangue nos olhos” que eu já participei. Acabei de perceber que tenho várias preferidas. ‘Hundred of stories’ eu choro quando ouço, acredita? E o Finale é tão lindo também…
Lola: Eu gostava muito do solo da personagem “It won’t be long now”. Na letra, a Vanessa fala sobre como não ia demorar para sair daquele lugar e ir atrás dos sonhos dela. E eu entendia muito ela ali. Era muito especial para mim lembrar de quando eu cantava isso no meu banheiro, sonhando em largar meu trabalho no corporativo para ser atriz. E foi o que aconteceu para mim. Toda noite no show quando cantava aquilo naquele palco enorme, era uma realização muito incrível de ver o meu sonho acontecendo.
Renata: Eu sou louca por todas as músicas de ‘In The Heights’ cada uma gerava uma emoção diferente, porém meu ‘Carnaval Del Barrio’ marcou muito, agora cena eu amava o momento em que eu precisava fechar o salão, era meu único momento dramático e eu realmente me emocionava.
Gabriel: Vissshhhhh…. difícil escolher né… Cena final – quando Usnavi resolve não ir mas embora + música FINALE… sempre me emocionava muito. ‘ALABANZA’ tem um lugar bem especial no meu coração também… principalmente ao recordar da primeira vez que cantamos ela inteira, todos em roda e uma energia sobrenatural rolou entre o elenco todo! Muito especial!
Rafael: Eu tinha alguns momentos favoritos no espetáculo. O início era fantástico!!! A alegria que já contagiava o público e a gente recebia aquela energia de volta e a peça ficava incrível. O final do primeiro ato era fantástico!!! O que era aquele Blackout??? As pessoas realmente achavam que tinha caído a luz do teatro!!! Era maravilhoso!!! E eu que chamava a parte seguinte ao Blackout cantando “Oye, que Paso?” Aí, eu sempre me emocionava muito com a cena do USNAVI anunciando a morte da Abuela Claudia. Alabanza era algo sobrenatural. Era lindo demais!!! E o finale, sem explicação… Claro que tenho um carinho mais que especial pelas músicas que eu estava presente: a minha (Pirágua), Respira (Breathe), Carnaval Del Barrio… Amo demais todas!!! Mas essas cenas eram marcantes pra gente que estava no palco.
B!) Qual a melhor lembrança e a maior saudade deste trabalho?
Perí: Melhor lembrança… foi a maneira com que eu fui recebido e abraçado pelo elenco. Eu fui o último a chegar. Ser o primeiro ator a cantar RAP em uma partitura de Musicais no Brasil é algo que eu guardo no coração, porque eu curto RAP. Agora, saudade eu sinto da energia daquele grupo no palco, de falar daquela mensagem que é cada vez mais atual.
Lola: Foi meu primeiro trabalho profissional. Absolutamente TUDO para mim foi especial. Eu amava finalmente experimentar aquela vida de estar em cartaz. Olhando para trás gostaria de ter feito uma temporada maior e de na época estar mais preparada como performer, mas foi lindo do jeito que foi. Guardo bons amigos do elenco até hoje e admiro muito como botamos nossos corações ali.
Renata: As músicas, os metais que arrepiavam, o elenco amado e foi tido tão intenso e rápido que não deu tempo de entrar na rotina, ficamos pouco tempo em cartaz e isso deixou um gosto de quero mais, queria muito mais, volte ‘IN THE HEIGHTS’ e me chamem, por favor rs.
Gabriel: As lembranças são todas muito boas! Dois momentos me marcaram demais: o dia em que eu consegui que a produção levasse uma turma de alunos de uma ONG que eu dava aula e essa foi a primeira vez que eles foram num teatro, na vida! A emoção e reações deles por estarem ali somado ao tanto que a peça se relacionava com a realidade musical e cultural deles foi muito forte.
Outro momento de arrepiar foi a última apresentação em que a plateia estava toda com luzinhas e bandeirinhas e em momentos específicos (como no BlackOut e CaranavalDelBarrio) eles participavam das cenas com a gente, sem a gente nunca saber de nada… ao entrarmos em cena PÁ! era uma enxurrada de energia e emoção… nos sentíamos num show de rock. Cada um que entrava na coxia estava chorando e absolutamente excitado com a situação. Maior saudade? Fazer um espetáculo com essa qualidade coreográfica e musical todas as noites! Essa é a saudade!
Rafael: Minhas lembranças são mais que especiais. E, na verdade, vocês estão me fazendo reviver neste momento, coisas que eu tinha até apagado da memória… Mas a emoção de falar a respeito, faz com que as lágrimas voltem a tomar conta de mim de maneira deliciosa, com muito carinho e saudade desse trabalho. Uma saudade de quem queria mais, de quem quer mais ‘In The Heights’ no Brasil, de novo. A saudade que fica é da família que construímos, dos aquecimentos vocais únicos, da interação no palco, das risadas, dos encontros fora do teatro, jantares nos restaurantes parceiros e um mais que especial: o olhar do público. Isso era lindo demais!!!. E a gente como família, não conseguia se separar não!!! Viramos de fato uma família que se amava, que brigava, que chorava, que se emocionava. Era lindo estar ali, naquele palco sagrado, com esse elenco mais que especial. E alguns ficaram para a vida. Eu estive com a Milena Martinez e com o Ricardo Marques no final de semana passado… Como é bom encontrar e relembrar!!!!
B!) O que mais te atrai na obra e por quê?
Perí: Eu gosto de trabalhos artísticos que tenham uma visão social, além do entretenimento. O “ITH” fala de temas que são úteis pra sociedade, assim como diverte quem assiste. Pra mim essa é uma mistura perfeita. Uma peça que fala sobre transformação social, revolução humana e pertencimento.
Lola: Eu não acho que a história seja o grande ponto da obra. O plot é bem simples, mas os personagens e a sensação que aquela comunidade desperta em nós sempre me deixa emocionada. Tem muita verdade nos retratos, porque basicamente partem de um lugar de muito conhecimento do Lin. Acho que a magia vem daí para mim, dessa verdade. Ela se imprime nas letras, no ritmo, nas coreografias. Tudo é genialmente bem conectado.
Renata: Então, o fato nascer num Bairro pequeno de Osasco, o fato de pegar trem, metro, ônibus sempre várias conduções para fazer meus testes desde pequena, cheia de sonhos, muitos nãos e perseverar. Ser filha de cabeleireira, minha mãe é uma guerreira, além de tudo tenho o sangue espanhol em minhas veias, acho que não preciso falar mais nada. Identificação. Gracias.
Gabriel: A questão de luta por igualdade social e melhores oportunidades é um assunto que me atrai sempre.
Num país onde praticamente todo o setor de serviços (do essencial ao mais requintado) é tocado por imigrantes fica ainda mais absurdo ver o quanto de preconceito que existe com as pessoas que não nasceram ali. Vivi na pela preconceitos por ser latino americano morando em Nova York, então as obras do Lin-Manuel Miranda mexem muito comigo! Me sinto representado! Canções e coreografias que misturam linguagem de rua com estilo de teatro musical são alimento pra minha alma! Amaria viver fazendo musicais assim hehe.
Rafael: ‘In The Heights’ é muito especial porque eu acho que tem tudo a ver com a gente, com a história de muitos de nós. A música de ‘In The Heights’ é algo de louco. A trilha é muito especial. Amo demais!! E as coreografias, gente?!?! Aquilo não é de Deus não… Hahahaha. Se eu tivesse que estar em todas, estaria ferrado. Não é à toa que de fato precisava de ter muitos dançarinos.
B!) Quais as expectativas para o filme, que chega hoje, 17, aos cinemas?
Perí: Tenho certeza que vai ser emocionante e estou muito afim de ver. Estou curioso pra ver o Anthony Ramos fazendo o Usnavi de la Vega. E as coreografias Street/Salsa que são incríveis. A história da família da Nina, da Vanessa, Benny…Ver o Sonny protestar naquele estilo ‘teen revolts’ dele… Vai ser demais.
Lola: Eu sou sempre muito apegada aos plots que eu faço, né? Então quero ver Vanessa brilhaaaaar! ahahahah! Mas brincadeiras a parte eu estou muito curiosa para ver as coreografias traduzidas para o cinema. Absolutamente toda movimentação do show tem um sentido com o que está sendo cantando, então sei que vai ser uma parte interessante de observar.
Renata: Estou louca pra ver, não quero criar muitas expectativas para não me frustrar, mas desejo me emocionar e arrepiar, porque essa obra tem que ser incrível. Besitos, Renata Brás – Daniela rs.
Gabriel: Estou ansioso pra ver na telona. Admiro muito o ponto de vista do Lin-Manuel para tudo o que ele faz então acredito que ele tenha deixado a historia o mais fiel possível à missão original do enredo, mesmo que a linguagem (do palco para cinema) traga mudanças para a narrativa ou ações dramáticas, acredito que a essência esteja ali. Estou realmente com a expectativa de sair tocado. E um pouco ansioso pra ouvir todas as músicas nas vozes desse elenco!
Rafael: Gente, e quando eu soube que quem ia fazer o meu personagem no filme era ninguém mais, ninguém menos que o próprio autor, Lin-Manuel Miranda?? Quase morri na hora que eu soube!!! Meu coração disparou!! Fiquei tão orgulhoso de ter feito parte dessa história, que eu tô louco para assistir ao filme. Eu prefiro não colocar as expectativas muito altas… Mas confesso que é difícil.