Vitor Moresco, vencedor do “Cultura, o Musical”, prepara musical autoral
O ator relembra a carreira, fala dos seus novos projetos e pede mais representatividade no teatro
A vida do ator Vitor Moresco, vencedor da primeira edição do reality show “Cultura Musical”, passou por várias transformações nos últimos anos. Na adolescência, ele sonhava com a carreira de cantor de rock e acabou esbarrando no teatro musical no coral da escola. “A gente montou Les Misérables e esse foi o primeiro musical que eu ouvi falar e estudei. Curiosamente, Les Mis também foi o primeiro musical profissional que fiz em São Paulo”, contou o artista que morava em Brasília.
O coral fez com que Vitor começasse a estudar em uma escola de teatro musical e a vinda para São Paulo aconteceu dois anos depois, quando ele decidiu que teria que se mudar para conseguir boas oportunidades. “Quando as coisas começaram a dar certo, eu percebi que essa poderia ser uma das minhas profissões. Hoje, também sou professor de canto e, além disso, canto e dirijo músicas em estúdios de dublagem”, falou em entrevista ao B!.
Confira o cover de ‘Only Us’ que o casal da vida real, Chiara Guttieri e Vitor Moresco, gravou com exclusividade para o B! inspirado no musical “Dear Evan Hansen”:
Após fazer a turnê nacional do musical “Across the Universe”, Vitor entrou para o elenco da segunda montagem do clássico “Les Misérables”, espetáculo inspirado na obra de Victor Hugo. Depois, ele participou dos musicais “Romeu e Julieta – Ao som de Marisa Monte”, “Rent”, “Bare – Na Pele”, “O Grande Cometa”, “Se Essa Lua Fosse Minha”, “Cargas D’Água” e “Diálogos”. O meu último musical feito antes da pandemia foi o infantil “Carmen – A Pequena Grande Notável”.
“Existem vários personagens riquíssimos e complexos no teatro musical que tenho vontade de fazer. Quem sabe daqui 15 anos eu possa audicionar para fazer o Jean Valjean. Hoje em dia, sem dúvida, eu amaria fazer Lola, do ‘Kinky Boots’”, contou o ator.
Falta de oportunidades
Vitor sete que a base cultural do teatro musical faz com que haja poucos atores negros em papéis principais. “Enquanto não houver, na mesma quantidade, uma dramaturgia focada em personagens negros, não haverá oportunidades. Enquanto há dezenas de personagens protagonistas que, costumeiramente, são brancos no teatro musical, quantos negros nós conseguimos contar?”, indaga o artista.
Além disso, o ator acredita que também falta a sociedade quebrar muitos rótulos. “Necessitamos entender personagens como personagens. Se não há algo que justifique a etnia, como por exemplo, uma história que se passa na África antiga, ou na Alemanha nazista, não há nada que impeça um ator ou uma atriz de fazer determinado personagem. Isso é algo que nos Estados Unidos tem mudado muito com musicais como ‘Hamilton’ e isso, lentamente, tem começado a se refletir aqui.”
A carreia de Vitor alavancou após ele vencer o “Cultura Musical”, em 2019. “Sou muito grato a toda a equipe da TV Cultura e todo mundo que apoiou e torceu. Ter ganhado ao lado da minha amiga Aline Serra foi uma honra, pois acho muito simbólico e importante ter uma mulher e um homem de peles escuras levantando aquele troféu. Após esse momento, toda a comunidade do teatro musical me conheceu e me ouviu. Sinto que faço parte. Minha vontade agora é poder ajudar a abrir essas portas para as próximas gerações de artistas”, afirmou.
Novos projetos
A pandemia vem afetando, e muito, a classe artística e Vitor, assim como a maioria dos atores precisou se reinventar. “Já não esperava muito do governo bolsonarista, a pancada veio desde o ano passado, limitando bastante a oportunidade de trabalho para os artistas do teatro musical. Sobre a pandemia, no momento onde tudo zera, eu só consigo enxergar novas formas de manter a arte e a cultura em movimento. Estou neste momento produzindo e gravando meu musical autoral, além de trabalhar no meu canal do YouTube. Eu tendo a abraçar a tecnologia e encontrar um novo meio de teatro”, concluiu o ator.