Clássico off-Broadway, comédia musical "Vampiras Lésbicas de Sodoma" estreia no RJ
A lenda dos vampiros sempre despertou interesse de artistas para produzir obras sobre essas criaturas. Prova disso são os inúmeros filmes estrelados pelos “sugadores de sangue”, como “Nosferatu”, “Drácula”, “Entrevista com o vampiro” e os sucessos mais recentes, como a saga “Crepúsculo”. Não seria diferente no teatro, onde estes seres sobrenaturais ganharam vida nos palcos em espetáculos da Broadway como “The Vampire Dance” (orignalmente “Tanz der Vampire”) e “Lestat“. Contudo, ambos os musicais tiveram vida curta, mostrando que os vampiros não teriam força nesse universo dos musicais.
Contrariando todas expectativas, aparece o espetáculo “Vampires Lesbians of Sodom“, de Charles Busch, uma peça que fez sucesso no circuito off-Broadway, chegando a ficar em cartaz durante cinco anos, entre 1985 e 1990. Agora, o clássico chega ao Brasil pelas mãos de Jonas Klabin, que assina a versão e direção de “Vampiras Lésbicas de Sodoma“, estrelada por Marya Bravo e Thiago Chagas (foto abaixo)
A comédia musical estreia hoje no Teatro Café Pequeno, no Rio de Janeiro, e traz a histórias de duas vampiras sobreviventes da destruição da cidade bíblica de Sodoma: a voraz Magda Legerdemaine (Marya Bravo) e a virgem que se tornou vampira Madelaine Andrews (Thiago Chagas). A comédia musical apresenta a eterna disputa entre as duas, em diversos períodos, como após a queda de sua cidade de origem, o cinema mudo e a Broadway da começo do século XX e mais tarde, nos anos 1980, Las Vegas, onde as duas trabalham como showgirls. Na versão nacional, toda a ação de passa no Rio de Janeiro. O elenco conta ainda com mais cinco atores, que se desdobram em caçadores de vampiros, jovens estrelas de Hollywood, soldados de Sodoma e bailarinos de coro.
O texto foi vertido par ao português por Jonas Klabin, além da trilha sonora composta por clássicos de cabaré alemães da década de 1920. Jonas traz no curriculum mais dois espetáculos produzidos por ele no Brasil que se destacaram no universo off – Broadway: “Hedwig and the angry inch” (que chega a Broadway em 2014 estrelado por Neil Patrick Harris) e “Grey Gardens” (que também teve uma temporada na famosa avenida, após o sucesso nos teatros menores de Nova York). Confira abaixo uma entrevista com o diretor do espetáculo:
B!: Qual foi motivo que incentivou você a apresentar esse espetáculo no Brasil?
Charles Busch é autor de diversos espetáculos de sucesso que nunca vieram ao Brasil. Sou fã do seu trabalho e quis dividir um pouco desta paixão. “Vampiras Lésbicas de Sodoma” foi seu primeiro texto e sucesso. Faz sentido começar por ele. Li diversas peças hilárias escritas por Busch, bem como um livro que romanceia sua própria história de como montou seu primeiro espetáculo (a primeiríssima versão de “Vampiras…”) chamado “Whores of Lost Atlantis”. Essa história é maravilhosa, com descrições fantásticas de suas aventuras ao montar a peça… EM UMA SEMANA! Ele escreveu, produziu, dirigiu e estrelou esta jóia num pequeno bar no East Village de Nova York e acabou ganhando uma das temporadas mais longas na história do circuito Off-Broadway, durando mais de cinco anos. Sou fascinado pelas histórias por trás das peças, especialmente das mais excêntricas. “Hedwig” e “Grey Gardens” também têm histórias incríveis Acredito que trazendo para o Brasil, essas histórias ganham mais um capítulo.
B!: Com o crescimento dos espetáculos do tipo “Broadway” no Brasil, você acredita que eles abrem espaço para produções off-Broadway?
Sem dúvida. “Broadway” e “Off-Broadway” são termos complementares, irmãos. O termo “Broadway” diz respeito à produções comerciais, de grande porte em teatros com capacidade acima de 500 lugares ao longo ou próximo à famosa avenida de Nova York. Um máximo de 50 teatros podem se declarar “Broadway” e existem padrões de qualidade e de perfil de produção muito rígidos. “Off-Broadway” define teatros com capacidade abaixo de 500 pessoas, apresentando espetáculos menos comerciais e bem mais baratos, porém muitas vezes feitos pelos mesmos artistas que transitam nos palcos mais seletos. Já no palco do “Off-Broadway” vemos mais liberdade para experimentar, o que se torna um atrativo para os artistas e muitas vezes, um trampolim para a “Broadway” tanto para artistas quanto para projetos mais ousados, como foi o caso de “Grey Gardens” e agora de “Hedwig” (estreia ano que vem na Broadway).
No Brasil, este mercado vem ganhando sua própria identidade. Vemos cada vez mais espetáculos tipo “Broadway”, porém 100% brasileiros. Nossos profissionais estão prontos e cada vez temos mais deles. As produções tipo são grandes e vem crescendo em número, mas não tanto quanto o número de profissionais preparados e disponíveis no mercado. É neste novo “Off” que nasce junto, em que eles vão começar a criar.
“Vampiras Lésbicas de Sodoma”, é um exemplo de um espetáculo do “Off”. Elenco e equipe composto por artistas que também trabalham nos espetáculos tipo “Broadway”, criando e experimentando num projeto alternativo e ocupando um teatro menor.
B!: O que o público verá neste espetáculo? Que tipo de música?
Essa comédia satírica é um híbrido de musical com Teatro do Ridículo e conta a história de duas vampiras rivais, interpretadas por Marya Bravo e Thiago Chagas, que se confrontam em três tempos diferentes – Sodoma nos dias antigos, Hollywood nos anos 20 e Las Vegas nos anos 80. Inspiradas nas grandes atrizes da clássica Hollywood – Bette Davis, Joan Crawford, Gloria Swanson, Rita Hayworth, Mae West e outras “femmes fatales” – nossas vampiras vão além do absurdo nas trapaças uma contra a outra. Ainda temos André Vieira, Thadeu Matos, Thuany Parente e Davi Guilhermme se desdobrando em diversos personagens cômicos que transitam momentaneamente pelas vidas das duas deusas imortais.
Incluimos seis números musicais – seleções de canções originais do cabaré alemão dos anos 20 e 30, canções que foram banidas pelos nazistas, que tentaram destruí-las, mas felizmente fracassaram. As canções são interpretadas pelo elenco, orquestradas pelo diretor musical Davi Guilhermme ao piano e coreografadas por Alan Rezende.
Ainda contamos com a supervisão geral de Cesar Augusto, responsável pela direção do sucesso “O Médico e o Monstro” (clássico do Teatro do Ridículo) no início de 2013, neste mesmo teatro, o Café Pequeno.
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