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Comédia musical "O meu sangue ferve por você" faz homenagem ao universo brega

Reestreia no Rio de Janeiro a comédia musical “O meu sangue ferve por você”, inspirada nos clássicos do mundo brega, cantados por Fagner, Reginaldo Rossi, Elymar Santos entre outros grandes nomes.
A peça traz um enredo divertido sobre as armadilhas do amor e faz uma releitura musical, criando novos arranjos para músicas já conhecidas, interpretadas nas vozes de Ana Baird, Pedro Henrique Lopes, Cristiana Pompeo e Victor Maia.
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Uma mocinha santa, um pretendente banana, uma devassa e um cafajeste. Eis as quatro figuras que compõem as divertidas discussões sobre os relacionamentos neste musical. Confira abaixo uma entrevista com Pedro Henrique Lopes, (foto) criador do espetáculo.

 

Como surgiu esse ideia ousada de criar um musical com “o melhor do  brega” brasileiro?

Bom, eu costumo brincar que eu devo o sucesso do espetáculo ao bom gosto musical da minha vó! (risos) Minha avó AMA o Elymar Santos! E eu, obviamente, ouvia muito de tabela. Sempre achei as letras dele extremamente apaixonadas e engraçadas. Um dia, eu já trabalhava com musical, ouvi “Escancarando de Vez” (Aquela do “eu  e você, assim, ao som de um bolero, pra lá, pra cá, do jeito que quero…”) e me deu um estalo! “- Gente, essa música parece música de musical!”. A partir daí, comecei a pesquisar e a estudar esse universo das músicas extremamente populares que sempre viveram longe dos olhos dos críticos e dentro do coração do povo! Era uma música melhor que a outra…
 

 Como foi a pesquisa para criar o texto e o repertório do espetáculo?

Então, eu fui selecionando várias músicas! Peguei as mais conhecidas, porque eu achava legal ter o público cantando junto, e as que ajudavam a contar a história. Percebi que eu todas elas, havia uma dose cavalar de melodrama, paixão e certo humor. Me apeguei na coisa de novela mexicana para fazer uma novela mexicana musical! Hahaha…

Criei os 4 personagens típicos do melodrama (o mocinho, a mocinha, o canalha e a vagabunda) e, a partir disso, a história se desenrolou. É um roteiro clássico de melodrama com a mocinha namorando o canalha que é amante da vagabunda, e o mocinho surgindo para resgatar a mocinha.
Quando a gente começou a levantar o espetáculo, a Ana Baird, o Victor Maia e a Cristiana Pompeo contribuíram muito para o desenvolvimento dos personagens. A gente criou tudo entre nós… O espetáculo só deu certo porque tem um elenco muito talentoso e comprometido com um resultado artístico bacana. É uma bagaceira, a gente se diverte muito fazendo, mas tudo buscando um resultado cômico e teatral primoroso.
A gente que criou e dirigiu tudo, com o Marcelo Farias fazendo as conexões das músicas e a Renata Celidonio e o Diego Morais dando palpites nas nossas escolhas e olhando tudo de fora.

 Você teve algum receio antes de lançar o espetáculo, visto que no Brasil ainda se tem um pouco de preconceito com o brega?

O espetáculo foi criado de maneira muito despretenciosa. A gente ensaiava na sala da Ana. Levantamos o espetáculo em 2 semanas para cobrir um furo de pauta no Galeria Café. Fomos aprendendo a fazer o espetáculo em cena. Ficaríamos lá um mês. O sucesso era tanto que ficamos quatro! Cabiam 40 pessoas sentadas, e a gente chegou a botar quase 200!
Era gente que não cabia mais! Nunca sentimos que as pessoas tinham preconceito com o brega. O próprio espetáculo brinca com o preconceito, com as letras extremas, com interpretações exageradas… Confesso que a aceitação imediata do público me surpreendeu no começo, mas percebi que, no fundo, todo mundo é um pouco brega!

 E os desafios para colocar o espetáculo no circuito?

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O sucesso no Galeria trouxe uma “importância” para o espetáculo. Entrar em circuito foi natural. Saímos de lá para a casa da Gávea. Fizemos uma primeira semana bem fraca. Bem tenso hahaha… Mas na semana seguinte, saiu a crítica do Jefferson Lessa falando muito bem do espetáculo, e aí era gente que não cabia naquele teatro. Fizemos muita sessão extra lá, e de lá fomos para o Teatro dos Quatro, no Shopping da Gávea. Depois de lá, não paramos mais…

 Para você, qual a parte mais interessante do musical?

Eu sou suspeito, gosto de tudo hahaha! Mas eu adoro o começo todo do espetáculo, onde cada música mostra um pouco de cada personagem. Ah! O arranjo vocal do “Você Não Serve Pra Mim” é muito legal também!
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 E sobre as reações da plateia, o que você pode dizer?

Ih! Já teve de tudo! Gente cantando junto, chorando de rir… Nunca levamos tomate e nem vaias hahaha. De resto, já aconteceu de tudo… Teve um casal que terminou o relacionamento durante o espetáculo, na plateia. A gente acompanhou tudo do palco. Eles discutindo, ela tirando a mão dele de cima dela, ela emburrada, ele rindo do espetáculo, ela mudando de lugar, ele indo atrás dela, ela ficando mais brava ainda, ele tentando ser fofo com ela, ela indo embora e ele ficando sozinho na plateia e assistindo o espetáculo hahaha… No final, ele veio falar com a gente, e disse que ela era meio esquentada mesmo! Vai saber, né?

 A quê você credita a longevidade do musical, que estreou em 2010?

Ao fato de todo mundo ser um pouco brega hahaha, a todos os atores maravilhosos que passaram pelo espetáculo, e ao povo da produção que não deixa de acreditar nessa “bagaceira” rs!
“Gente! Vai lá no Teatro do Leblon rir com a gente! Estamos lá quartas e quintas, as 21h! Só até 03 de outubro! CORRE GENTEEEE!!!”

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