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A trajetória estelar de Leo Bahia no teatro musical

Léo_Bahia_-_Divulgação

Leo Bahia é sem dúvida umas das mais novas revelações do teatro musical na cena carioca. O ator de 23 anos, natural da cidade de Niterói, está em cartaz no palco do Teatro João Caetano na pele do jovem Abelardo Barbosa, protagonista de “Chacrinha – O Musical”, em que divide o personagem ao lado do veterano Stepan Nercessian. Mas o sucesso de Leo começou um ano antes, na montagem acadêmica de “The Book of Mormon”, organizada pela Centro de Estudos de Artes Cênicas da UNIRIO e responsável por lançar vários rostos novos no teatro musical.

O gosto pela cultura veio de berço. Leo é filho da psicóloga formada em teatro Cássia Fontes e do produtor musical Mayrton Bahia. Desde pequeno, o ator já admirava com textos teatrais. “Sempre gostei de teatro. Me lembro de assistir Hamlet quando tinha dez anos e ficar encantado! O costume de consumir cultura sempre foi uma constante na minha família pela ligação dos meus pais com as artes. Isso definitivamente me influenciou. Mas a decisão final veio depois de assistir ‘A Noviça Rebelde’. Saí do teatro louco com o que senti vendo os atores em cena cantando e interpretando. Sabia que tinha que me enfiar nessa vida de alguma forma” conta Leo, em entrevista exclusiva ao B!

Ao prestar vestibular, o jovem chegou a se inscrever para Medicina, mas acabou cursando Música, por indicação de seu amigo Davi Guilherme, outro nome conhecido em espetáculos musicais. Em paralelo às aulas de canto que fazia por hobbie, Leo chegou a participar da audição para a montagem de “O Despertar da Primavera”, de Claudio Botelho e Charles Möeller, em 2009, mas não foi selecionado. O resultado, no entanto, não abalou os desejos do jovem de conquistar o seu ‘lugar ao sol’.

Adorável surpresa

O primeiro contato direto com musicais foi na montagem de “Tommy”, peça inspirado no álbum de mesmo nome da banda “The Who”, produzido dentro da UNIRIO como parte do projeto de prática em Teatro Musical coordenado pelo professor Rubens Lima Júnior. Em seguida, ele participou de “Spamalot”, clássico do grupo Monty Phython, que usa a comédia musical para contar a lenda do Santo Graal.”Como ‘Tommy’era uma opera rock, tudo era cantado, com pouquíssimas falas, o que me deixou mais confortável, pois era mais íntimo da música que do teatro. Em ‘Spamalot’, entrei em contato com uma carga de trabalho mais pesada, pois era do coro, fazendo parte de todas as coreografias e também substitui um ator. Ou seja, aprendi tudo o que eu fazia e o papel dele. Isso me deu mais segurança no teatro e na dança“.

Leo explica que o processo para participar das montagens acadêmicas é semelhante às práticas do mercado profissional, com audições e callbacks. Foi dessa forma que ele também fez parte do elenco de “Os Miseráveis”, produzida pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, na qual interpretou o protagonista Jean Valjean durante a XII Mostra de Teatro da instituição em 2013.

Mas a mola propulsora que daria um impulso na carreira do jovem foi “The Book of Mormon”, também produzida pela UNIRIO que teve Leo e Hugo Kerth como protagonistas, na pele dos jovens missionários mórmons Elder Cunningham e Elder Price. O que era para ser uma montagem de um mês apenas dentro do ambiente acadêmico extrapolou e culminou em uma temporada de quase um ano e meio com direito à críticas positivas de Bárbara Heliodora, do jornal carioca O Globo.

Não acreditei no sucesso que teve “The Book of Mormon”. Inclusive achei que as piadas não iam funcionar e pessoas sairiam ultrajadas entre o primeiro ato e o segundo. Fiquei muito feliz quando ouvi o público rindo. Quando saiu a capa do segundo caderno com a crítica incrível da Barbara, fiquei muito surpreso. Não imaginava que ela tivesse gostado tanto!

leo

De Chico Buarque a Chacrinha

Com a chegada de 2014 e a comemoração dos 70 anos de Chico Buarque uma nova oportunidade apareceu para o jovem. Quando Leo soube que a remontagem de “Ópera do Malandro” seria dirigida por João Falcão (“Gonzagão – A lenda”), correu para tentar entrar em contato com a produção da peça, que estreou em junho do ano passado no Theatro Municipal.”Queria muito trabalhar com o João. Amo o trabalho dele e essa dobradinha ‘João Falcão + Chico Buarque’ foi irresistível. As audições eram fechadas, mas eu descobri o e-mail do assistente de direção da peça e mandei uma mensagem pedindo por favor para audicionar” relembra o ator.

Na peça, Léo interpretou Lúcia, amante de Max Overseas, papel eternizado por Elba Ramalho na montagem original e que também já foi vivido por Alessandra Maestrini na remontagem feita pela dupla Möeller Botelho.”Foi histórico pra mim. Experiência ímpar. As mulheres de Chico são muito especiais, complexas e apaixonantes. Amo a Lúcia, sempre amei Chico e acho ele um gênio“.

Ainda durante a temporada de “Ópera do Malandro”, outra oportunidade bateu à parto do jovem. Após concorrer nos processos seletivos, Leo conquistou o papel de Chacrinha no musical biográfico em homenagem ao “Velho Guerreiro”. O ator divide com Stepan Necerssian o personagem, interpretando o apresentador desde sua infância até o estrelato.

leo e stepan

“O Chacrinha tem todas aquelas características que a gente não reproduz, não se aprende. Ele era carismático, magnético, bom e muito único. E isso é difícil de traduzir para o teatro. No primeiro ato tive total liberdade de criar quem eu achava que se tornaria o Chacrinha. O texto e a direção me deram as diretrizes e a partir daí criei. Estudei muito a mudança dele pro segundo ato. Ele meio que deixa de ser o Abelardo e vira uma “lembrança do passado” ou um “fantasma” ou um “cisne negro”???? Deixo isso a cargo de quem assiste a peça. A partir do momento que a gente entrega algo ao público, cabe a eles decidirem o que é”.

Dentro de um espaço de pouco mais de dois anos, Leo Bahia conquistou seu espaço no teatro musical, tempo quase que recorde, comparado a trajetória de muitos atores que levam alguns anos até conseguir algum destaque. Mas não quer dizer que o jovem baixe a guarda por conta do sucesso. O ator, fã convicto das obras de Stephen Sondheim, diz que seu preparo é constante. Entre seus musicais prediletos estão os filmes de “A Noviça Rebelde” e “Mary Poppins”. “Amo tudo de Sondheim. Brinco dizendo que sou um ator ‘sondheimiano’. Adoro o Bobby, de ‘Company’, mas também voltaria a interpretar Jean Valjean quando for mais velho (não é Sondheim, mas abro excessões)“, comenta Leo aos risos.

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