Musical "Jacinta" estreia em São Paulo

A cômica história da atriz portuguesa, Jacinta, considerada a pior do mundo, chega HOJE ao palco do Sesc Vila Mariana, em São Paulo, depois de uma temporada carioca no Teatro Poeira. Apresentado por cinco homens e uma mulher, o espetáculo tem a formação típica de um cambaleo, um dos oito tipos de trupe teatral no Século Ouro espanhol, entre XVI e XVII, e sua proposta é mostrar em cena um encontro de tempos, entre homens atuais e uma mulher de “antigamente”.
A trama que é uma invenção do dramaturgo pernambucano Newton Moreno, foi escrita entre 2003 e 2004 e se passa no século XVI, se dividindo entre Portugal e Brasil. Ela conta a aventura da atriz que já começa justificando sua má fama, após ser presa por formar um grupo com três marginais, Jacinta é obrigada a fazer uma cena de representação para a rainha de Portugal, e o resultado de sua atuação é tão ruim, que ao assisti-la, a rainha se espanta, perde o ar, e morre. Com isso, Jacinta é deportada para o Brasil, e chega ao país trazendo em sua bagagem artística, o peso de ser considerada “a pior atriz do mundo”. Disposta a mudar a ideia e o conceito que as pessoas têm sobre ela, Jacinta sai em busca de reconhecimento profissional e de sucesso, vivendo assim uma carreira cheia de altos e baixos.
Sempre acompanhados por quatro músicos ao vivo, que tocam as 13 canções e os nove temas instrumentais, a decisão de transformar a peça em espetáculo musical foi uma ideia de comum acordo entre Newton, Andrea e Aderbal, e surgiu antes mesmo dos ensaios começarem. Para dar vida ao fato, Branco Mello, membro da banda “Titãs”, foi convidado para integrar a equipe de criação de “Jacinta”. A novidade que chega junto com a temporada paulistana, é que será lançado o CD com todas as canções do espetáculo, que tem melodias de Branco Mello e Emerson Villani, e letras de Aderbal Freire-Filho e Newton Moreno.
E quando perguntada sobre o desafio de subir ao palco para cantar e atuar, e sobre como encara essa nova experiência de exposição, ela explica:
“Para mim é uma grande aventura, uma proposta profissional, de parceiros que adoram trabalhar juntos e fazer coisas diferentes. Já tive vergonha nos ensaios, mas hoje não tenho mais porque não estou me lançando como cantora e nem investindo nesse momento dos musicais, não queremos conquistar ‘essa fatia’ do mercado… Estou protegida atrás de uma personagem complexa, enorme e muito mais interessante do que eu, e já não tenho vergonha porque lá é ela quem está cantando, se der alguma coisa errada, foi ela, não fui eu… O problema é da Jacinta (risos)”.
Demonstrando tamanha empolgação em poder estrear “Jacinta” para o público de São Paulo e se apresentar para uma platéia muito maior, Andreia conta o que mais acha interessante em sua personagem.
“É ótimo viver ‘a pior atriz do mundo’, no começo fiquei meio apavorada, eu falava pro Newton que é tão fácil ficar tosco, ser bem ruim, mas conversando a gente chegou a conclusão de que a Jacinta é péssima, mas tem uma coisa que humaniza ela demais, que é o desejo sincero de querer ser atriz, e ela não tem vergonha nenhuma de errar, ela é apaixonada, obstinada, obcecada, ela não tem vergonha de não saber, do vazio, de se jogar no abismo, de ser canastrona. Isso é a vida de todos nós, esse momento péssimo ‘Jacinta’ é o começo de todos nós na vida – sempre, a gente é sempre meio Jacinta em algum momento”.
“Não sei se consigo fazer um musical grande, mas também não tenho muito interesse em reproduzir aqui, no meu país uma coisa tão importada assim, não tenho nenhum preconceito, quando viajo eu vou assistir, eu gosto e me divirto, vi ‘Mary Poppins’, vi ‘O Rei Leão’ – que eu amei, vi a ‘Família Addams’ – e não consegui ver aqui porque estava em cartaz, mas adoraria ter visto com a Marisa, com o Daniel… Enfim, passa muito longe do preconceito, mas realmente não me dá vontade, me dá vontade de fazer um musical com Newton Moreno, com Aderbal, Branco, com o Emerson e esses cantores péssimos que nós somos, muito esforçados. A gente brincava nos ensaios que não podia cantar bonito, tem que cantar de verdade, se rasga, mas não adianta ficar procurando uma coisa que não é nossa. Eu não nasci a Claudia Netto nem a Vanessa Gerbelli, não nasci cantora, então eu dou do meu jeito, eu canto com um prazer enorme e tento não sacrificar o ouvido da plateia”.
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