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As investidas de Claudia Raia no teatro musical

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Foto: Divulgação

Claudia Raia, a eterna “bailarina da coxa grossa”, como a anos é conhecida, parece não conseguir se desligar do teatro musical nem em meio ao seu grande momento como uma das vilãs da novela das 8, a chefe da quadrilha de tráfico humano, Lívia, de “Salve Jorge”. Além da carreira de atriz, ela tem demonstrado um excelente tino para os negócios no mundo do teatro musical. Claudia que de suas idas à Nova York sempre trás na mala uma série de ideias, vai colocar mais uma em prática em breve. Rumo ao seu 11º musical, ela adquiriu recentemente os direitos de mais um sucesso da Broadway, que assistiu a 25 anos atrás e se encantou: “Crazy For You”, vencedor do Tony de Melhor Musical em 1992. crazyforyou1 (1) Baseado no livro de Ken Ludwig, em parte faz referência ao musical de Guy Bolton, “Crazy Girl”, de 1930, mas intercala com músicas de várias outras produções. Tem letras de Ira Gershwin, mas o maior destaque fica por conta  da trilha, onde todas as composições são de George Gershwin, e incluem sucessos como “I Can´t Be Bothered Now” (de A Damsel in Distress), “Someone To Watch Over Me” (de Oh, Kay!), “Slap That Bass” (Shall We Dance), “I Got Rhythm” (Girl Crazy),  “Nice Work If You Can Get It” (também de A Damsel in Distress) e “Naughty Baby”.

O desejo de adquiri-lo já existia há muitos anos, mas a dificuldade em não encontrar quem fosse perfeito para estar ao leu lado, no papel principal masculino, fez com que os planos fossem adiados até então, problema que chegou ao fim com a decisão da diva em repetir o sucesso da dobradinha de “Cabaret”… Claudia irá emendar um trabalho no outro, ao lado de seu namorado, Jarbas Homem de Mello, atualmente “seu” mestre de cerimônia no “Cabaret” do Teatro Procópio Ferreira, em São Paulo.

A trajetória…

Claudia em "A Chorus Line" - 1983 (Foto: Divulgação)
Claudia em “A Chorus Line” – 1983 (Foto: Divulgação)

Já são três décadas… A atriz descobriu sua veia artística  com 16 anos de idade, ao protagonizar o musical “A Chorus Line” (1983), ela que teve a inscrição de número 01, já tinha assistido ao espetáculo na Broadway por sete vezes, até enfim chegar ao Brasil. Alguns anos depois, estreou em “Splish Splash”, em 1988, e depois dele, em 1989, decidiu se arriscar também na produção do gênero, e encarou “A Pequena Loja de Horrores”, nele, Claudia não atuou por não ter uma voz de soprano, não se encaixou nas exigências da personagem, e durante a primeira temporada, o papel coube à Stella Miranda. Apesar do público fraco, o espetáculo reestreou, porém com Claudia assumindo a personagem de Stella, que acabou por se machucar durante as apresentações.

Em 1991, nasce a trilogia “Raia”, a começar por “Não Fuja da Raia”, onde ela dava vida a uma vedete, acrescentando alguns toques americanizados ao tradicional (e abrasileirado) “teatro de revista”, e seguidos dele, encenou “Nas Raias da Loucura” e “Caia na Raia”. – Durante sete anos Claudia batalhou por essa sua paixão, para que as pessoas pudessem compreender que o teatro musical tinha espaço para crescer e se consolidar em palcos brasileiros, e nesse meio tempo, ela chegou inclusive a vender seu carro e quase perdeu um apartamento na tentativa de quitar as dívidas que custeavam seu sonho – ainda assim, sem preço.

Após oito anos, em 1999“O Beijo da Mulher Aranha” chega ao Brasil, graças a uma viagem que Claudia fez à Broadway em 1989, acompanhada do amigo Miguel Falabella, onde juntos assistiram ao musical e ficaram tão fissurados, que durante 10 anos carregaram com eles a vontade de enfim estreá-lo… Após um intervalo de sete anos, ela retoma os palcos e estreia linda e de cartola o clássico “Sweet Charity” (2006), e em 2009, com o espetáculo “De Pernas pro Ar”, apostou em uma proposta diferente… Claudia quis viajar com o espetáculo por dezessete capitais, onde as apresentações aconteciam em galpões e praças públicas, tudo sem estrutura técnica ideal para os 40 atores e as 50 toneladas de equipamentos que iam junto. O processo foi difícil, o típico esforço que vale, porém que não se repete, mas que ao final foi positivo por conseguir chegar a um público que nunca tinha tido a oportunidade de ir ao teatro.

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Musical: “O Beijo da Mulher Aranha” (1999), “Sweet Charity” (2006) e “Cabaret” (2012) (Fotos: Divulgação)

Aos poucos a vontade de Claudia Raia, em contribuir para o crescimento do teatro musical no país, ia se concretizando, pois além dos seus, uma série de outros espetáculos já revelavam a nova “Broadway brasileira”… Mas ainda assim ela queria e podia mais, tinha um outro sonho – talvez o maior de todos… Estrelar o clássico “Cabaret” sempre foi seu grande desejo, e considerando ser o maior desafio da sua carreira, ela chegou ao seu 10º musical se realizando profissionalmente nele. Escrito pelo dramaturgo Joe Masteroff, foi baseado na peça “Eu Sou Uma Câmera”, de John Van Druten, e inspirado no livro “Adeus, Berlim”, de Christopher Isherwood.

O musical que estreou na Broadway em 1966, se consagrou no cinema com Liza Minnelli em 1972, e em 1989 teve sua primeira montagem no Brasil, sob a direção de Jorge Takla. Na época, ele inclusive a convidou para estrelar a montagem, mas por coincidência, Claudia se preparava para viver a bailarina de cabaret Adriana, na novela “Rainha da Sucata” e sem alternativa, recusou… Logo após isso, sua corrida pela compra dos direitos do espetáculo começou, ela o esperou por 20 anos e no ano passado, finalmente a busca terminou.

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O encontro de Sally’s: Claudia Raia e Liza Minnelli (Foto: Divulgação)

Desde 2012 Claudia tem vivido o papel mais almejado de sua carreira, a Sally Bowles que sempre quis. Além de protagonizá-lo, foi também onde deu seu primeiro passo no mundo dos negócios e do entretenimento, junto com Sandro Chaim, adquiriu seus direitos, e nele assumiu também o papel de produtora, responsável por 80 técnicos em mais uma parceria de sucesso com Miguel Falabella, que versionou todas as canções.

Durante toda sua produção ela não tirou os olhos de nada, desde a montagem dos cenários, a produção dos figurinos, a criação dos banners e do programa, e até da escolha dos 20 atores que sobem ao palco com ela. A missão de interpretar uma prostituta alcoólatra poderia parecer difícil diante de suas 18 diferentes personagens de novela e também as de palco, mas Claudia, em cartaz a mais de um ano, se doa plena na interpretação, ao cantar, dançar e atuar – e de um modo geral, agradou por todas as seis cidades que passou.

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Jarbas Homem de Mello e Claudia Raia em “Cabaret” (Foto: Divulgação)

Em 2013Claudia Raia completa 30 anos de carreira no teatro musical, e diante de todo esse empenho e tamanho envolvimento, não se pode esperar menos de seu futuro projeto e toda sua produção, que embora sem previsão de estreia, já deu seu primeiro grande passo: passou do processo de idealização.

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Grazy Pisacane

Jornalista Cultural e Assessora de Imprensa, especializada há 10 anos no mercado de teatro musical.

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