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Clara Verdier, do Brasil para o mundo

Os artistas brasileiros vêm conquistando cada vez mais espaço em território internacional, prova disso é a “exportação” de talentos que tem acontecido nos últimos anos, a exemplo do ator e cantor Tiago Barbosa, que depois de viver Simba na montagem nacional de “O Rei Leão”, vem reinando na companhia espanhola, e Nando Pradho, conhecido por estrelar superproduções em São Paulo e que após viver Javert na segunda versão do clássico “Les Misérables”, desembarcou com seu inspetor em solo mexicano, uma oportunidade que levou ainda outros três brasileiros para o mesmo elenco, entre eles, Clara Verdier, que conquistou plateias dentro e fora do país com sua doce Cosette e se prepara agora para trocar a revolução francesa pela ópera de Paris.

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Foto: Alejandra Carbajal

A atriz, cantora e bailarina que teve seu primeiro contato com o teatro musical em Nova York, sendo verdadeiramente tocada por ele aos 11 anos, após uma sessão de “O Fantasma da Ópera” com a mãe e a avó, se dividia entre a faculdade de Administração de Empresas e os estudos de canto lírico, ballet e aulas de interpretação nas mais diversas escolas especializadas. A carreira artística a levou a soltar muito a voz no antigo restaurante Brooklyn – por onde passaram grandes nomes dos musicais – e a construir um currículo que conta com espetáculos como “A Noviça Rebelde”, “BarbarIdade”, “O Elixir do Amor” e “Mulheres à Beira de Um Ataque de Nervos”.

Em seu melhor momento profissional, há dois anos ela vem encarando uma série de desafios e realizando alguns de seus maiores sonhos. De passagem pelo Brasil, os últimos meses de Clara foram vividos intensamente na Cidade do México, onde integrou o elenco de “Les Misérables” após a temporada em São Paulo, e agora ela se prepara para viver “o anjo da música”, a icônica soprano Christine, de “O Fantasma da Ópera”, na turnê mundial que estreia em 60 dias, e em um papo exclusivo com o B! ela conta detalhes dessa nova fase e como tudo aconteceu.

“Christine é meu sonho há muitos anos! Ainda não consigo acreditar que realmente está acontecendo. Quando surgiu o boato, no começo de 2017, de que seria remontado no Brasil, eu comecei a estudar incessantemente – canto lírico, ballet na ponta, etc! No fim de 2017 veio o convite para fazer ‘Les Mis’ no México e como ainda não tinha sido anunciado oficialmente que o Fantasma viria para o Brasil resolvi apostar na opção mais segura.
Durante as audições do Fantasma em São Paulo eu cheguei a mandar um vídeo, mas não tinha como participar presencialmente porque estava morando na Cidade do México. Fui aprovada para representar Christine Daee, mas por conta do meu compromisso com o Les Mis México tive que recusar o papel dos meus sonhos.
Em junho passei quatro dias no Brasil e aproveitei a oportunidade para conhecer a equipe internacional do Fantasma, que estava ensaiando a obra aqui. Me pediram para cantar o repertório em inglês sem me dizer para que seria – um mês depois, recebi a notícia de que eles queriam me levar para a turnê internacional!!
É um momento muito especial porque, além de estar realizando um grande sonho, estou fincando nossa bandeira em mais alguns cantos do mundo!”, comemora ela.

Clara Verdier
Foto: Marcos Mesquita

Embora sonhasse em construir uma carreira internacional, Clara revela que sempre lhe pareceu uma ideia distante, algo pouco palpável. Sem imaginar que a personagem do clássico de Victor Hugo lhe abriria tantas portas, ela relembra o pontapé de tudo e o processo para encontrar sua Cosette em dois idiomas diferentes.
“A Cosette foi um presente na minha vida! Apesar de ter feito personagens legais no passado, foi a primeira vez que me sentia realmente preparada para o desafio! Lembro que cheguei no primeiro teste pronta para estrear (no sentido de saber absolutamente todas as músicas, cenas, etc!). Mergulhei na literatura, partituras, entrevistas, documentários – todos os materiais disponíveis para me preparar da melhor forma! Quando soube que fui escolhida para o papel me aprofundei ainda mais nas referências e em aulas para chegar aos ensaios preparada para este desafio!”, relembra.

E quando perguntada sobre a versão mexicana de sua personagem, o lado estudioso da artista se mostrou ainda mais forte. “Eu não falava espanhol, então sabia que seria um grande desafio – principalmente porque não queria que meu sotaque fosse um ruído na minha performance. Estudei MUITO com um coach de sotaque. Construí ainda mais a personagem. E foi interessante porque como mudou o texto, a Cosette também mudou. Em espanhol as escolhas de palavras fizeram com que ela fosse ainda mais forte e lutadora, que sempre foi o que busquei pra ela”.

 

Tanto Cosette quanto Christine são personagens conhecidas da literatura, das telas e dos palcos. Clara reconhece a responsabilidade de interpretá-las e diz se sentir honrada em poder integrar o time de renomadas atrizes que já deram vida a estes papéis – “para uma soprano são inesquecíveis” – e que souberam lidar com a alta expectativa do público, uma vez que ambas são familiares para as pessoas. E traçando um paralelo entre elas, já consegue pontuar as principais semelhanças e diferenças entre os papéis e identificar alguns de seus desafios como intérprete:
“Ambas são meninas que estão se descobrindo; Cosette tinha uma sede pelo auto-conhecimento, Christine pela auto-afirmação. Ambas começam frágeis e se tornam mais fortes ao longo da obra. De diferença, Christine é ainda mais solitária que Cosette, porque não tem mais família alguma.
Tecnicamente, Christine é mais desafiadora que Cosette, pois fica em cena quase 2h30, tem muitos números musicais, cenas de briga, coreografias, e uma extensão vocal ainda mais exigente, analisa.

Contando os dias para iniciar a grande imersão na obra de Gaston Leroux, seus próximos passos serão dados já nos primeiros dias do novo ano, mais precisamente 04 de janeiro, quando começam os ensaios nas Filipinas, em Manila. A estreia está prevista para 20 de fevereiro, abrindo a tour que levará a superprodução mais antiga da Broadway pelos palcos de Singapura, Kuala Lumpur, Tel Aviv, Dubai, Busan, entre outros, em temporadas de aproximadamente um mês cada.

Em ritmo de despedida, os últimos momentos de Clara no Brasil estão sendo de muitas resoluções, mas antes de viajar ela realiza nesta quinta, 20, às 18h30, na Casa Motivo, em São Paulo, a ação “Sonhar x Realizar”, um bate-papo para falar sobre a importância dos estudos e como se organizar para alcançar sonhos. A entrada é gratuita, com a entrega de um kit de material escolar e os interessados podem entrar em contato pelo e-mail abaixo.

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E por falar em sonhos, o que não faltam a ela são novos para batalhar, na lista de Clara ainda há espaço para querer integrar o elenco de clássicos como “Anastásia” e “Evita”, e também dar vida a outras protagonistas como Glinda, Maria, Mary Poppins, Golde, e a tão sonhada professora Anna, de “O Rei e Eu”. ■

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Grazy Pisacane

Jornalista Cultural e Assessora de Imprensa, especializada há 10 anos no mercado de teatro musical.

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