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As várias nuances de Livia Dabarian

Você pode até não se lembrar do nome, mas talvez lembre-se da criança enérgica dançando ao som de “Não Fuja da Raia” no extinto programa da Rede Globo, “Gente Inocente”. O fato é que a pequena cresceu e se tornou um dos grandes novos talentos do teatro musical brasileiro. Atualmente em cartaz no musical “Vamp”, Livia Dabarian empresta um pouco da sua própria personalidade para a sua divertida Mary Matoso, personagem que era interpretada por Patrícya Travassos na novela que deu origem ao musical. Nesta entrevista exclusiva para o B!, Livia relembra as personagens que viveu no mundo dos musicais e da jornada percorrida até conquistar o espaço no palco. Tudo isso, com muito humor e risos – e na íntegra!

B! Você começou bem cedo no mundo das artes e entretenimento. O que germinou em você a “sementinha” do teatro?

LD! Eu comecei nas aulas de teatro, canto e dança porque tinha muita energia! Risos! Minha mãe percebeu que eu era super comunicativa e adorava fazer teatrinho em casa… então buscou um lugar pra que eu pudesse aprender e brincar ao mesmo tempo. Nunca mais parei!
Meu primeiro contato com musicais foi fazendo teatro infantil. Geralmente essas peças tem músicas cantadas e coreografias também, mas era tudo feito sem ter a “pressão” de estar fazendo teatro musical! Era só contar a estória da forma mais divertida pras crianças. Isso me ensinou muito!! Foi aos 17 anos, quando trabalhei como cantora principal do navio Island Star, que eu me dei conta que isso era um gênero super específico e que requeria muito estudo. Então comecei a buscar formas de me aprimorar. Fui pra Londres tentar ingressar numa faculdade, sem sucesso. Foi em Nova Iorque, na American Musical and Dramatic Academy, que eu aprendi as ferramentas mais valiosas que tenho hoje.

B! Em uma entrevista você confessou ter como grande referência a atriz Audra McDonald. E no Brasil, quais são suas referências?

LD! Aqui no Brasil sou fã declarada da Soraya Ravenle e da Paula Capovilla. As duas, na minha humilde opinião, são cantoras poderosíssimas mas que não deixam de lado a importância de contar a estória enquanto cantam. É isso que me emociona. Mas não tenho como não citar as duas recentes adições a minha lista de “Quero ser como…..” que são Claudia Netto e Ney Latorraca. Exemplos de generosidade e dedicação, sem mencionar o talento absurdo!! Sou muito abençoada por ter pessoas tão incríveis na minha jornada.

B! Conte um pouco sobre a experiência no reality “Dançando na Broadway”, que certamente te trouxe alguma visibilidade e aprendizado. Como entrou no programa, como foi o processo e finalmente vencer no programa?

LD! Dançando na Broadway foi um presente! Eu fiz o teste pro programa por indicação do meu grande amigo Felipe Tavolaro, que já estava no elenco. Ter a oportunidade de “audicionar” para produtores e diretores das produções da Broadway foi algo incrível. Eu não esperava mesmo ganhar, tava torcendo pro Felipe! Risos! Mas foi uma sensação maravilhosa de que tudo que eu tinha passado até então tinha valido a pena!

À direita, ao lado Lívia ao lado de Felipe Tavolaro

B! De volta ao Brasil, você logo encarou o desafio de viver um ícone brasileiro da TV, a chacrete Rita Cadillac, em “Chacrinha, o Musical”. Que experiência esse musical trouxe para você?

LD! “Chacrinha” me trouxe algumas vivências muito valiosas e que eu não tinha tido antes. A primeira foi a grande responsabilidade de interpretar uma pessoa real, que existe no imaginário do público. Isso é um desafio enorme! Mas a próprio Rita sempre foi a pessoa mais incrível e prestativa e me ajudou muito! A segunda foi a de ficar tanto tempo em cartaz e manter a personagem “fresca”. Não é fácil estar a quase dois anos em cartaz com o mesmo espetáculo e mesmo assim fazer todo dia como se fosse o primeiro! Fora isso a grande família que nos formamos é um presente que vou levar sempre comigo.

Lívia caracterizada como Rita Cadillac

B! Logo após “Chacrinha” você protagonizou “We Will Rock You”, ao som das canções de sucesso da banda “Queen”. Quais foram os principais desafios desse espetáculo?

LD! O maior desafio era tentar não me apaixonar pelo meu par romântico! #FAIL risos!!!! Brincadeiras à parte, We Will Rock You foi a primeira “franquia” que eu fiz. Os musicais gringos já vem com uma forma específica de vários movimentos e intenções dos personagens, então o processo de criação é completamente diferente do que criar tudo do zero. Fora isso, o desafio diário de estar bem com o meu aparelho vocal, porque cantar Queen sete vezes por semana requer MUITA disciplina.

Uma das grandes protagonistas na carreira de Lívia, Scaramouche em “We Will Rock You”

B! O musical rendeu frutos após o término da temporada, como seu relacionamento com Alírio Netto. Como é compartilhar a vida com alguém que sente as mesmas paixões pela arte?

LD! É maravilhoso! Profissionalmente, nós falamos a mesma língua. Respeitamos o espaço de criação do outro porque sabemos o quão importante é ter o nosso próprio. E é ainda mais incrível poder criar coisas juntos, como o Freddie Mercury Revisited, que é o nosso baby. Já na vida pessoal, ele é um homem incrível que eu admiro cada dia mais.

Relembre o pedido de casamento de Alírio Netto à Lívida Dabarian, no palco

B! Falando sobre  seu novo trabalho,”Vamp”, você era jovem quando a novela estreou, o que talvez comprometa muitas lembranças suas da trama. Como foi a construção da sua versão da divertida Mary Matoso. Chegou a trocar ideias com a Patrícya Travassos, como fez com a Rita Cadillac?

LD! Eu AMAVA a novela. Assistia todos os dias. O tema da minha festa de 5 anos de idade foi “Vamp”! Me vesti de vampira e dublei “Noite Preta” pra todos os meus amigos. (Tadinhos! Acharam que façam indo brincar…. não! Estavam indo me assistir! Risos!) Mas construir a Mary Matoso foi diferente! Nós quisemos fazer homenagens a personagem original, mas sem cópias. Tive toda abertura da equipe de direção pra trazer elementos novos, mas que a gente achasse que tinha a ver com algumas características já definidas da Mary. A perua oportunista que é louca pra ser cantora!

“Clã Matoso” da versão musical de “Vamp”, em cartaz no Teatro Riachuelo

B! Você consegue estabelecer semelhanças da sua personalidade com a Mary Matoso ou ela é um personagem “fora da curva” em sua carreira?

LD! Pra mim, uma das coisas mais legais de ser atriz é “se emprestar” pra sua personagem! Explorar como você agiria na pele dela! E tem lados dela que me divertem muito! Ela não tem pudores e faz o que dá na telha! É espevitadíssima e adora ser o centro das atenções. Ouvi de alguns amigos que é assim que eu fico quando tomo “uns bons drinks”! Risos!!!! Então tem um pouquinho dela em mim sim!

B! Musicalmente, como foi criar essa personagem, que era conhecida por ser “desafinada” na novela, mas que na versão do musical literalmente dá um show?

LD! Aaahhhh! Obrigada! 😉 Foi uma proposta diferente, para darmos camadas a ela! Colocamos só algumas desafinadas em lugares estratégicos pra não perder a característica e no resto a gente deixa ela sonhar e viajar que está cantando bem! Eu aproveito mesmo os momentos que posso desafinar! Oportunidade única na carreira!

B! Grande parte do resultado da sua personagem no palco caminha juntamente ao trabalho de Osvaldo Mil. Como tem sido trabalhar com ele neste novo espetáculo?

LD! Osvaldo Mil é um presente maravilhoso!!! Nos demos muito bem desde o primeiro dia! Como não se dar bem com um gentleman tão talentoso e querido? Estamos sempre trabalhando juntos pra que Mary e Matoso cumpram bem o seu propósito na peça que é divertir!

B! Recentemente, em “Vamp”, teve a oportunidade de encarar outro ícone da teledramaturgia nacional: a vampira “Natasha”, em uma substituição de Claudia Ohana. Quais as principais nuances de diferenças entre as duas personagens?

LD! “Vamp” tem sido só desafios deliciosos pra mim! Fazer a Natasha é um sonho de criança (meu e da torcida do Flamengo, eu sei! Risos! ) e ser alternante dessa personagem tão inspiradora é uma responsabilidade que eu abracei com muito carinho e dedicação. Tive a oportunidade de fazê-la várias vezes nos ensaios por conta das gravações da Claudinha e isso foi ótimo pra mim. Me senti confiante e preparada na minha estreia como Natasha. E foi um sentimento de conexão enorme com a obra e com aquela Livia menininha de 5 anos de idade que tanto queria ser atriz. A Natasha e a Mary são dois opostos da mesma moeda, na minha opinião. As duas fariam qualquer coisa pra atingir seus sonhos e defendem com unhas e dentes as suas paixões. Só que a Mary é doidinha e a Natasha uma menina quase inocente. Como atriz é uma bipolaridade deliciosa interpretar as duas.

Para encerrar:

B! Quais são seus musicais favoritos?

LD! Alguns eu amo a muito tempo, outros são paixões passageiras.. mas vamos la! Last Five Years, School of Rock (não julguem!!!! Vocês já viram o talento daquelas crianças?) , Ragtime, Aida, Pippin e aqui no Brasil Gota d’água e 7 O Musical!

B! Se pudesse escolher um personagem, de qualquer filme, novela, série, musical, qual gostaria de fazer?

LD! Que pergunta difícil!!!! São tantos!! Satine – Moulin Rouge, Todas do seriado Orphan Black ( se eu daria conta…. já não sei! Mas amaria tentar! Risos!) e a mais amada do meu coração, Cathy do Last Five Years. Amaria também fazer uma vilã bem mexicana a lá “Maria do Bairro”!

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Cláudio Martins

Há mais de 10 anos, Fundador do A Broadway é Aqui! Jornalista com especialização em Marketing

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