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Entrevista: A merecida popularidade de Fabi Bang

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Foto: Gustavo Arrais

Aos 31 anos ela vive seu grande momento, e desfruta dos prazeres de uma fama que talvez fosse desejada, mas não imaginada. Após transitar pelas maiores superproduções musicais que o Brasil já recebeu, a doce e divertida Fabi Bang pode enfim afirmar: é popular!
Nascida e criada no mundo artístico é bisneta do maestro Alberto Nepomuceno, conhecido e respeitado no meio erudito, de onde muito provavelmente herdou sua pulsante veia pela arte, motivo também pelo qual deve ter desistido do curso de Arquitetura, que chegou a iniciar na PUC, trocando o compasso da geometria pelo compasso da música.

Estreitando laços com a dança desde pequena, a carioca descobriu conexão com o ballet aos sete anos, aos 18 se formou e entrou para uma companhia; Logo viajou para a Europa, onde morou durante cinco meses, sendo apresentada ao mundo das audições e ao universo dos musicais. A bailarina profissional participou de testes para “O Rei Leão” e “A Bela e a Fera”, em Hamburgo, na Alemanha, e também em Barcelona, mas acabou voltando ao Brasil por motivos pessoais, onde seguiu a vida e foi aprovada para seu primeiro espetáculo, “O Fantasma da Ópera”, em 2006, despertando nela uma paixão que a faria mergulhar em aulas de canto e integrar o elenco de grandes musicais, entre eles, “Miss Saigon”, onde logo de cara encarou o desafio de ser swing, “Cats”, “Cabaret”, “A Bela e a Fera”, sendo sub de Bela, “Evita”, como sub da amante de Peron, “Priscila, Rainha do Deserto”, “A Família Addams”, como sub de Wandinha, e “O Homem de La Mancha”, mas foi em 2015 que seu nome soou mais alto em muitos ouvidos, ao dar vida a personagem Louis Lane na produção carioca de Moeller & Botelho, “Kiss me Kate”, marcando o início de um novo momento para a sua carreira, que lhe reservava muitas surpresas em um futuro próximo.

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Fabi Bang como Louis Lane em “Kiss me Kate” – Foto: Alessandra Tolc

Atualmente ela é Galinda, com Ga, mais amada e conhecida como “Glinda, a boa”, personagem que lhe faz viver há oito meses em um típico mundo cor-de-rosa, na Cidade das Esmeraldas de “Wicked”, em cartaz no Teatro Renault, em São Paulo. Ao relembrar seus 10 anos de carreira Fabi avalia: “É muito gratificante. A cada apresentação tenho mais certeza de que todos esses anos no coro me prepararam para lidar com a grande repsonsabilidade e dificuldade do protagonismo”.

Fabi, que estava em cartaz com “Kiss Me Kate” quando soube das audições de “Wicked”, lembra que só tinha um dia de folga na semana, e viu ali sua única oportunidade de tentar – o que acabou exigindo dela um esforço além do comum. “Meu corpo já estava cansado, mas era tão importante pra mim que eu disse ‘-não importa o meu cansaço, vou encarar’. Estou no mercado há muito tempo e sempre foi meu grande sonho ser protagonista, me sentia preparada, mas não tinha tido a chance. Eu tive a oportunidade de fazer teste para os dois papeis, mas optei em abrir mão da Elphaba porque alguma coisa dentro de mim disse ‘-vai na Glinda que você vai certeira’. Quando recebi o resultado tinha acabado de sair do teste, tinham se passado somente duas horas, e nunca é assim, sempre demora até umas duas semanas, mas foi um resultado imediato. Comecei a gritar e a chorar, ter uma reação muito inédita na minha vida, custei a acreditar e dizia ‘-Mas sou eu mesmo?’, ‘-Mas vai ter alguém que vai alternar comigo ou sou só eu?’. A Glinda é a personagem dos sonhos, me motivou a aprender a cantar, inclusive, não só a Glinda, a Elphaba também, minha oportunidade demorou a chegar, mas chegou da forma melhor possível”.

Foto: Naira Messa
Fabi Bang como Glinda, em Wicked.

Entrando em reta final com o fenômeno musical, Fabi conta ter aprendido muitas coisas com o espetáculo, que é mágico, e a icônica Glinda, com quem se identifica pelo perfil cômico e se encanta pelo carisma, brilho e pela forma como ela conduz tudo. “Não sei nem por onde começar, a magia de Wicked acontece dentro e fora de mim. Com ela eu aprendi que o humor é muito sério. E que humor e drama tem a mesma relevância, principalmente dentro dessa história. Mas não, não consigo enumerar todas as transformações que Wicked me trouxe”.

Mas se tem uma coisa que “Wicked” trouxe para a vida da bruxa boa brasileira, foi reconhecimento, muitos, e de várias formas; A cantriz, que hoje tem até fã clube, conquistou centenas de fãs pelo país, e sobre essa relação diferente, e ao mesmo tempo inevitável, ela diz: “É divertido! O fã é alguém que se identifica e se projeta no artista. Acho que é por isso que eu só tenho fã figura! Mas todos extremamente carinhosos”.

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Melhor Atriz – Prêmio Bibi Ferreira

Outro presente em forma de reconhecimento foram as indicações e os prêmios que conquistou neste ano, como o Reverência, de Melhor Atriz Coadjuvante por “Kiss me Kate”, e o Bibi Ferreira, de Melhor Atriz por “Wicked”, reforçando que a caminhada até aqui valeu a pena: “É um daqueles momentos da vida que a gente quer que dure pra sempre. A minha história nos palcos começou antes de efetivamente subir em um. Começou quando criança, numa vontade e necessidade intrínseca e genuína de entreter o meu público (pai, mãe, irmão). Hoje eu fico diariamente diante de uma plateia de 1.500 pessoas e esse é o meu maior prazer da vida. Acho que os prêmios são um reflexo da minha paixão e comprometimento por esse ofício. Me sinto muito honrada pelo reconhecimento do meu trabalho, e muito feliz, pois essa não é só uma realização profissional, é pessoal também”.

E coroando seu 2016 “galindificado”, se engana quem pensava que Fabi descansaria do ritmo agitado, e tudo porque o reconhecimento veio também de onde ela menos esperava, uma oportunidade que é a realização de um sonho tímido, que julgava ser inatingível: trabalhar na TV. Tudo aconteceu rápido demais desde que uma produtora de elenco a visitou em Oz e convidou para um teste da novela Rock Story, a próxima das 7, na Rede Globo, de Maria Helena Nascimento dirigida por Dennis Carvalho – que admirado cuidou de lhe informar sobre sua aprovação. Na trama ela será Nina, uma cantora com veia cômica que define como “diferentona”, e que será par de Miro, vivido por Guilherme Logullo, repetindo a parceria de “Kiss me Kate”.

E quando perguntada sobre o que ela acha que muda ao migrar da vida dos palcos para as telas, ela analisa: “Acho que quase tudo! No teatro a gente conta a mesma história todos os dias, na TV a trama se desenvolve e cada dia é uma nova história, um novo texto, outro ator contracenando com você. O tempo da TV é muito mais rápido que o do teatro, inclusive até hoje eu descubro coisas novas na Glinda mesmo estando quase um ano em cartaz”.

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Fabi Bang e Guilherme Logullo ensaiam cena da novela – Foto: Instagram/Reprodução

A novela, prevista para estrear em novembro, será o novo desafio de Fabi Bang, que se considera workaholic e não sabe ainda se dará um tempo dos musicais em consequência das gravações, até porque, se tem uma coisa que não falta em sua vida é espaço para sonhos de palco: “Sonho, sonho muito! Mary Poppins é um sonho desde criança. Christine Daae também é um sonho adquirido depois de participar do Fantasma da Ópera, onde descobri que poderia ser cantora. Além desses, eu ainda sonho em interpretar a Elis Regina, em musical, TV, não importa. Tenho uma fascinação tão grande por essa mulher que ainda vou dar um jeito de fazer nossas histórias se misturarem…”. ❕

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Fabi Bang posa com obra do pai, artista plástico – Foto: Gustavo Arrais / Divulgação
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Grazy Pisacane

Jornalista Cultural e Assessora de Imprensa, especializada há 10 anos no mercado de teatro musical.

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