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“Chaplin – o Musical”, chega à São Paulo

Estreia essa semana, em São Paulo, o espetáculo “Chaplin, o Musical”.
Baseado na história de vida de Charles Spencer Chaplin (1889-1977), o “Carlitos”, um homem que enfrentou uma infância difícil, se descobriu cheio de talentos, e ganhou o mundo como o astro do cinema mudo.
O espetáculo, que conta com 21 atores, e possui uma série de personagens importantes e influentes para o desenrolar da história, é encabeçado por Jarbas Homem de Mello, responsável por dar vida ao dono da bengala mais famosa.
O ator, cantor e dançarino, apontado pela produtora, Claudia Raia, como “o único ator brasileiro que poderia fazer este papel”, precisou abandonar o sapateado de Bobby Child, seu último personagem, em “Crazy For You”, para dar lugar as aulas de circo, patinação, acrobacia, slackline, e postural de violino, além de ter eliminado 8 kg para chegar o mais próximo possível do esteriótipo de um de seus maiores ídolos.
Durante a coletiva de imprensa, realizada na manhã da última terça-feira, 12, Jarbas falou sobre a importância e a responsabilidade desse desafio que é um sonho antigo.

“Eu ainda não me sinto completamente realizado, porque a gente não estreou, mas é um sonho realizado mesmo, sou fã incondicional dele, desde a infância, assim como o Marcelo (Antony), o Paulinho (Goulart Filho), e todos nós. Eu tenho vontade de fazer ele há muito, muito tempo, e isso foi sendo adiado, ou porque não era o momento, ou porque eu não estava pronto, ou porque não existia um texto… E ai em 2012, quando o Chaim disse que já tinha comprado os direitos, eu estava fazendo ‘Cabaret’, e depois tinha ‘Crazy For You’, então eu pensei, ‘-Putz, perdi!’, mas deu tudo certo, e estamos fazendo. Me sinto muito feliz, muito realizado, acho que poder homenagear esse gênio que eu tanto admiro é um máximo”.

Jarbas como Chaplin - Foto: Divulgação
Jarbas como Chaplin – Foto: Caio Gallucci/Divulgação

Quando Jarbas, um artista considerado completo, comenta sobre não se achar pronto para viver o personagem até pouco tempo atrás, desperta uma curiosidade com relação as dificuldades que chegam junto com a satisfação e a realização da conquista profissional, e sobre seus receios e a forma como os venceu, ele revela:

O que mais me apavorava quando comecei a estudar era fazer o Carlitos, uma figura muito icônica e conhecida de todo mundo, que não queria deixar cair na caricatura, porque eu já era um apaixonado pelo personagem, e quando entrei a fundo na vida do Chaplin, e comecei a ler tudo que tinha sobre ele, eu me apaixonei pela vida dele também, e pelo jeito como ele conseguia superar todos os obstáculos da vida através da arte, me identifiquei muito, acho que todo artista é assim…”.

2015.05.12 - Coletiva Chaplin-37

E sobre o processo de construção de seu Chaplin, ele conta quais cuidados tomou e as preocupações que teve para chegar a um resultado final fiel e satisfatório.

“Fisicamente eu precisava diminuir, emagreci 8kg para ficar mais miúdo, mais ‘mirradinho’, porque ele era muito magrinho – o bíceps dele era meu punho (risos) -, e para que a roupa ficasse maior e eu menor dentro dela. A gente quase não tem referencia visual do Charlie Chaplin, do criador, a pessoa física, então criei uma estratégia para tentar chegar perto do físico que ele tinha, das habilidades, e comecei a tentar saber como esse corpo funcionava, antes de começar a botar o Carlitos pra fora, eu achei que seria útil entender por onde passava a emoção para acontecer o movimento, e deu certo, na hora que coloquei a roupa e comecei a trabalhar o Carlitos em si, meu corpo já estava respondendo de uma maneira mais intuitiva e não tanto pela forma, claro que tem as poses icônicas e que precisam fazer parte para o publico identificar também, mas minha maior preocupação era não cair na forma ou simplesmente repetir um gestual, e acho que encontrei a minha maneira de fazer o Carlitos, o ideal do ator, se não a brincadeira não fica divertida”.

2015.05.12 - Coletiva Chaplin-50

Ao lado de Jarbas, outros dois atores principais estão encarando este musical como um grande e feliz desafio, Marcello Antony, rosto bastante conhecido entre os galãs das novelas – embora curiosamente tenha mais peças de teatro em seu currículo -, e Paulo Goulart Filho, totalmente familiarizado com a dança, e que depois de muitos anos, retoma a parceria com Claudia Raia, com quem dividiu os palcos em trabalhos como “Não Fuja da Raia” (1991) e “Nas Raias da Loucura” (1993).

Marcello dá vida à Sydney Chaplin, irmão de Charlie, com quem formava uma dupla teatral e por quem supria um profundo sentimento de superproteção. Honrando o título de “irmão mais velho”, Sydney esteve ao lado de Charlie em todos os bons e maus momentos, o que faz dele um dos personagens mais importantes da história. E quando perguntado sobre essa nova experiência, o ator, que em 1988 foi estudar teatro na CAL, no Rio de Janeiro, onde integrou um grupo vocal, e estreou nos palcos com o musical ” As Bodas de Fígaro”, conta:

2015.05.12 - Coletiva Chaplin-54Quando me chamaram para fazer o personagem eu nem sabia que o Chaplin tinha um irmão tão presente, tão fundamental na vida dele, eu comparo muito – dentro das devidas proporções -, com os irmãos Van Gogh, porque o Sydney e ele começaram no teatro juntos, mas quem decolou artisticamente foi o Charlie, nos estúdios do Mack Sennet, e num caminho natural, o Sydney acabou sendo o agente, o empresário dele, quem fechava os contratos, depois ele acabou segurando as barras do Chaplin, porque teve um momento da vida do Charlie em que ele subiu um pouquinho, os relacionamentos amorosos, nos escândalos, depois ele começou a transição do filme mudo para o filme falado, onde ele não sabia como colocar a voz no filme, e de repente descobriu que a voz poderia ter um poder político, e ele pirou, começou a fazer discursos comunistas, e foi onde os críticos pegaram no pé do Charlie, mas enfim, o Sydney nessa historia toda, esteve lá dando a base para o Charlie poder decolar artisticamente, eu acredito até que o Charlie não teria uma importância tão grande se não fosse pela participação do Sydney na vida dele, o que é muito interessante, porque acho que ninguém sabe disso, e isso vai ser contado na peça”.

Já Paulo, veterano no universo do teatro musical, dá vida a um personagem tão importante quanto Sydney na história de Charlie, assim como ele, Mack Sennet, fundador dos estúdios Keystone, foi também um dos maiores responsáveis pelo sucesso de Charlie, ao dar a ele a oportunidade de migrar dos palcos para as telas, e descobrir assim, o “Carlitos” que havia dentro dele.

“Eu acho muito bonita a importância do Sennet para o Chaplin, porque ele foi o grande responsável pelo Chaplin ter criado o Carlitos, na vida as vezes a gente é desafiado, ainda mais na nossa profissão, a gente vive de desafios, então Sennet trouxe o Chaplin do teatro, quando ele nunca tinha feito cinema, jogou ele nos leões e ele ficou completamente perdido, porque era uma linguagem totalmente diferente, então o Chaplin não sabia o que fazer e ele disse ‘-se vira, se não você está na rua!’. Acho realmente que essa foi a mola propulsora para que o Chaplin criasse o Carlitos, personagem com quem fez grande sucesso e ganharam muito dinheiro juntos”.

2015.05.12 - Coletiva Chaplin-83

O espetáculo, dirigido por Mariano Detry, com texto original de Thomas Meehan e Christopher Curtis, responsável também pelas músicas e letras originais, traduzido por Miguel Falabella, produzido por Claudia Raia e Sandro Chaim, sob a direção musical de Marconi Araújo e coreografias de Alonso Barros, teve sua primeira adaptação para os palcos em 2006, em uma temporada no New York Musical Theatre Festival, passou pelo La Jolla Playhouse, na Califórnia, em 2010, e chegou à Broadway em 2012, onde ficou quatro meses e meio em cartaz, agora, ele chega ao Brasil, em um palco paulistano, para uma temporada inicial de dois meses, no Theatro NET SP.

Veja fotos das primeiras cenas do espetáculo:

Fotos: Amanda Cibele.

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