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Conheça DZ6, o protagonista de “Dias de Luta, Dias de Glória – Charlie Brown Jr, o Musical”

Julio Cesar Hasse, mais conhecido como DZ6, é o rapper blumenauense que tem impressionado no mundo do teatro musical antes mesmo da estreia nacional. O escolhido para interpretar o vocalista Chorão, da banda Charlie Brown Jr, no espetáculo “Dias de Luta, Dias de Glória”, tem chamado a atenção da mídia e despertado a curiosidade de milhares de fãs devido à sua semelhança vocal, e até mesmo física, em um conjunto de detalhes que inclui ainda o jeito de se vestir, o gestual característico, e a intimidade com o skate.

© 2015 Luís França - www.luisfranca.net - Direitos reservados

Aos 30 anos, o cantor e agora ator que está à frente de uma banda famosa por seu tributo aos homenageados do espetáculo, encara a responsabilidade de honrar um ídolo, uma legião de fãs e um legado musical deixado ao longo de uma trajetória de duas décadas de sucesso. Em entrevista exclusiva ao B!, DZ6 falou sobre todas as idéias e sensações que chegam junto com essa novidade, bem como seus desafios e a preparação para o personagem.

“Para mim está sendo demais, estou 100% feliz de fazer parte deste projeto. Não seria tão emocionante se estivesse protagonizando outra pessoa que não o Chorão. O importante agora é estar representando um cara que eu sou fã, que eu tenho o maior respeito, e essa é a luz do negócio todo… Estou totalmente preparado, até porque, eu aceitei de coração essa comparação e a ideia de que os fãs do cara me valorizam por eu conseguir mesmo que só de uma forma cênica, ou só porque a voz é parecida, trazer isso de novo, então, se eu consigo trazer uma luz e abafar um pouco essa saudade que os fãs sentem, pra mim é lindo”.

Demonstrando uma clara conexão com o universo de Alexandre Magno Abrão, DZ6 conta que as associações com o ídolo não eram comuns até pouco tempo atrás, e que tudo começou depois de cantar na festa de um amigo, hoje integrante de sua banda e também da banda do musical. O protagonista, que ganhou seu apelido ainda na adolescência, antes mesmo de completar 16 anos por andar com amigos mais velhos, conta que tem as canções dos “meninos de Santos” como parte da sua trilha sonora preferida desde 1999.

“Eu sempre ouvi Charlie Brown, desde moleque. Apesar de curtir mais rap, sempre foi uma das minhas vertentes musicais, minha influência, e logo depois pintou a oportunidade de fazer um tributo com a banda e começou a rolar esse lance de cover, pois até então isso não existia, eu não sei porque antes ninguém comparava muito, parece que depois que o pessoal sente falta tenta procurar alguém. Pra mim é emocionante trazer essa fidelidade do Charlie Brown, sonora e musical, que é natural ao ponto do fã ficar extasiado, querer conversar e não acreditar…”.

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Ao contrário de muitos atores, DZ6 não passa por um processo demorado de caracterização antes de entrar em cena; Curiosamente é como se ele nem precisasse disso, mas o laboratório de personagem não foi dispensado para a composição final, o que incluiu muitas conversas com conhecidos de Chorão, e pesquisas via internet, com fotos e vídeos, para aperfeiçoamento, além claro, de toda a sua bagagem como músico – o que neste caso, faz muita diferença.

“A principio o tributo com a banda não me cobra andar como ele, me vestir como ele, mas por uma ironia do destino, isso é real, já tem a aparência, o estilo de roupa, eu também sou skatista, o jeito de falar, enfim, não é preciso copiar, quando eu vou atuar eu não fico pensando muito, eu deixo a coisa fluir porque já existe essa conexão, então eu só aceito ela”.

Para quem o conhece ou já o viu soltar a voz, o impacto da primeira ouvida é quase inevitável, tão inevitável quanto a sensação de que tudo pode ser uma gravação, e quando perguntado sobre essa semelhança vocal que tem arrepiado a plateia, ele conta:

“Na vida, no jeito de falar, acho que seria uma coisa muito plastificada, mas como isso já é natural, nem preciso forçar. Na hora de cantar a gente procura um timbre mais próximo, pois nenhuma voz no mundo é igual a outra, isso não existe, nem voz, nem pensamento, nada, tudo é muito próprio e especial, então na hora a gente tem que trabalhar algumas coisas que ele fazia pra música ficar legal, o coro ficar legal, e pro teatro ficar legal.”

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Embora o novo rockstar dos musicais afirme com muito respeito que tem de forma bem dividida em sua cabeça quem é o DZ6 e quem é o Chorão, e tenha a consciência do que está fazendo artisticamente e do que Chorão representa para os fãs, ele não nega que coleciona algumas semelhanças com o músico, tanto pessoais, quanto profissionais.

“O Chorão foi líder de uma nação da revolução musical brasileira, não teve um cara nessa nova linhagem de bandas que surgiu e levantou a galera da forma que ele levantou, eu me sinto parte dessa galera, e esse é o DZ6. Acho que temos bastante semelhança, acho que todas as pessoas que viveram uma história parecida com a dele, desse lance de estar mais na rua, se envolver com uma arte mais urbana, mais do submundo, é meio parecido, todo mundo se identifica com ele por saber que a vida é assim, na hora da explosão a gente explode, mas a gente também tem um coração”.

Sem nunca ter subido num palco para atuar, o rapaz parece ter aprendido rápido como funciona o universo do teatro musical, a necessidade do improviso, de decorar as falas e sincronizar tudo, de cuidar do corpo e da voz. Se dizendo impressionado com essa transição na carreira, e com tudo que envolve essa arte, ele fala sobre a experiência de misturar canto e atuação, deixando de lado somente a dança.

“Eu já trabalhei na televisão, mas não tinha atuação, então não desenvolvi esse lado, é minha primeira experiência. Estou achando bem legal, está sendo bem valoroso no sentido de aprendizagem, você acaba entrando num outro mundo onde as expressões são mais intensas, é a mágica do teatro, e esse mundo está me impressionando, está me deixando satisfeito por estar conseguindo evoluir e crescer dentro disso, não ficar estagnado, com medo porque nunca atuei e já peguei o papel de um cara que tem um monte de fã que vai estar olhando. Eu sei da prova que eu vou ter, mas isso está sendo super legal e estou super satisfeito. Estamos com uma equipe incrível, está todo mundo muito unido, todo elenco, a produção, está tudo funcionando e a engrenagem está perfeita, então a gente se sente bem, evoluindo…

© 2015 Luís França - www.luisfranca.net - Direitos reservados…O coreógrafo Guto Muniz é um cara impressionante, você olha o trabalho dele e é admirável, mesmo que você não entenda nada – porque eu não entendo nada de dança… É tudo muito distante de mim essa arte, mas é tão incrível que você acaba ficando impressionado, sem falar no Cadu Witter (diretor de elenco), que está me ajudando também na questão cênica de postura, é inclusive como se ele fosse a luz que o cara procura no escuro, que guia e dá o foco… Fica muito fácil quando existem profissionais trabalhando por trás da gente e dando essa base para a evolução, é a conquista de um trabalho extremo”.

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Em ritmo acelerado de ensaios desde 07 de janeiro, o espetáculo que estréia nacionalmente nesta sexta, 13, no Teatro Gamaro, em São Paulo, tem exigido horas de dedicação dos atores, e com DZ6 não é diferente, mesmo com toda sua experiência de shows, ele se prepara para iniciar um novo ciclo, com uma nova rotina e novos hábitos, e sem se queixar, encara esse desafio de ficar em cena 8h por semana com a melhor energia, como uma grande oportunidade e uma enorme conquista.

“Eu já peguei uma fase de shows de 3h, e é bem desgastante, mas acho que o que importa é você estar fazendo aquilo sem pensar no lado do trabalho, e sim na satisfação de estar fazendo aquilo, isso deixa de ser cansativo porque não é uma coisa que você diz: ‘Ah, tenho que estar lá hoje, tal hora, que chato… E sim pow, que legal, eu tenha que estar lá, que da hora’. A concentração é diferente de um show de rock, mas eu já encarnei esse espírito de ter que me concentrar mais, o teatro tem outra dimensão, tem que estar são, até pra render, porque eu acho que o que realmente rende num show é você estar na vibe da balada, e no teatro tem que estar na vibe do artista mesmo. Eu adoro desafios, e isso já é interessante, a própria palavra desafio e o que ela significa perde todo o sentido se você gosta, pois ela deixa de ser uma parada difícil e vira uma escada que você só sobe, sobe e ultrapassa”.

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Grazy Pisacane

Jornalista Cultural e Assessora de Imprensa, especializada há 10 anos no mercado de teatro musical.

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