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Bastidores da produção de “The Book of Mormon – UNIRIO”

Colocar um musical “de pé” é uma tarefa coletiva cheia de desafios para as empresas do meio. Agora, tente imaginar para os produtores de montagens acadêmicas, que em meio a parcos recursos e pouca experiência dos integrantes da equipe de produção, se esforçam para entregar um espetáculo o mais profissional possível. O B! conversou com o time de músicos da montagem universitária carioca de “The Book of Mormon”, da UNIRIO, e mostra os bastidores do espetáculo que conquistou até a mais alta crítica carioca.

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Guilherme Menezes, Marcelo Farias e Gabriela Alkimim: trio coordena direção musical do espetáculo

O musical deu início a sua temporada no ambiente da própria UNIRIO, mas devido ao esmero e talento do time formado por alunos da  universidades federais do Rio de Janeiro, ganhou outras temporadas na UERJ e na Cidade das Artes, que encerra neste fim de semana. Ao lado do professor Rubens Lima Jr, que assina a direção do espetáculo, estão Marcelo Farias, responsável pela direção musical, e Gabriela Alkmim e Edvan Moraes Júnior na regência. O time se completa com Guilherme Menezes e Gabriel Gravina, que trabalharam na orquestração da adaptação – um dos maiores desafios nesta produção.

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Como não existe partitura do “The Book of Mormon”  à venda, só possui o material quem compra os direitos, e o máximo que conseguimos foram algumas partes de piano num songbook. Todo o resto, incluindo o instrumental inteiro e alguns corais, foram escritos por nós a partir das gravações da Broadway, ouvindo e escrevendo cada detalhe. Foi até complicado explicar para os instrumentistas que chegavam que não havia partitura e que estávamos escrevendo, aliás qualquer pessoa que me perguntava sobre isso achava loucura essa resposta. Os instrumentistas ajudaram muito nesse processo, por exemplo, tirando de ouvido suas intervenções e decorando o que não havia sido escrito aindaconta Gabriela Alkmin (foto, à direita).

Todas as canções foram trabalhosas. A parte mais difícil foi fazer os arranjos de modo que os técnicos de som tivessem que ‘pilotar’ a mesa o mínimo possível, levando em consideração principalmente o que acontecia em cena, completa o orquestrador Guilherme Menezes.

No início, a orquestra era composta por um pequeno grupo, que, com as novas temporadas foi crescendo, e hoje conta com o trabalho de 26 músicos. A cada apresentação, 14 instrumentistas acompanham o elenco que dá vida à personagens norte-americanos e ugandeses, onde se passa a maior parte da trama.

“No caso do ‘Book of Mormon’, o grande desafio foi encontrar ótimos tenores, porque o musical é muito agudo e a parte mais difícil foi realmente a dos mórmons. A timbragem das vozes dos ugandenses foi um pouco mais fácil, mesmo assim foi preciso trabalhar muito o elenco, musicalmente falando. As músicas exigiam bons ouvidos para afinar intervalos difíceis de cantar, como segundas, e as muitas dissonâncias nos corais. Além disso, na maioria das vezes cada pessoa cantava uma linha diferente e independente das outras”revela Marcelo.

Em comparação com as montagens comerciais de musicais, que tem um processo de produção/ensaios em torno de dois meses antes da estreia, o espetáculo apresentado pela UNIRIO tomou mais tempo, cerca de um ano. Na verdade, a montagem faz parte de um projeto de pesquisa coletiva do núcleo teatral coordenado pelo professor Rubens, que nos anos anteriores apresentou musicais como “Rocky Horror Show” e “Spamalot“, ambos voltados para estudos e práticas de teatro musical.

“Em um primeiro momento esse processo durou três meses e nós tínhamos um grupo de seis músicos. Com o sucesso da montagem e a nossa transferência para a Cidade das Artes, resolvemos expandir o grupo, e orquestrar para essa nova formação levou aproximadamente um mês”, diz Guilherme.

Não apenas para o elenco, mas para a equipe técnica também, o espetáculo foi um grande aprendizado. Atores, músicos e técnicos, além de realizar suas devidas atribuições, se dividem em tarefas como maquiagem, montagem de cenário e a checagem do som.

A prática do mercado é pegar a parte, tocar e ir embora, mas aqui todos trabalharam também como produção, por exemplo, ajudando na montagem dos instrumentos e luzes no fosso e na revisão do material. No decorrer do trabalho nos tornamos uma família com todos os envolvidos e a incrível dedicação de cada um que participou… Foi o que fez esse projeto se tornar único”, comemora e finaliza Gabriela.

 O trabalho dessa equipe de profissionais pode ser conferido até o próximo domingo, dia 27 de julho, nas últimas apresentações na Cidade das Artes.

 

Serviço:

Onde: Cidade das Artes – Av. das Américas, 5300 – Barra da Tijuca, Rio de Janeiro

Quando: Até dia 27 de julho – na sexta-feira às 21h30, no sábado às 21h e no domingo, às 19h.

Quanto: Entrada gratuita, com senhas distribuídas com 1h30 de antecedência.

 

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