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O talento e a sensualidade das personagens de Adriana Garambone

Foto: Robert Schwenck

Ela originou o papel da sexy e esperta Roxie Hart em “Chicago” no Brasil, já encantou a todos com sua beleza na pele da stripper Gypsy Rose Lee, do musical Gypsy, e recentemente fez todo mundo rir como a atrapalhada secretária Hedy La Rue, de “Como Vencer na Vida Sem Fazer Força”. Comemorando hoje mais um ano de vida, a atriz Adriana Garambone concede uma entrevista ao A Broadway é Aqui! e conta como começou a sua jornada no teatro musical.

Assim como na vida de muitos atores, o teatro aparece como um acaso e acaba se tornando uma profissão. Não foi diferente para Adriana Garambone, atriz que antes de estrelar nos palcos, era bailarina na adolescência. Para melhorar sua interpretação, Adriana começou a fazer teatro, o que lhe rendeu muitas oportunidades durante a carreira. Sua estreia foi as 21 anos, em “Romeu e Julieta”, com direção de Moacir Góes, e em seguida a atriz iniciou seus trabalhos na TV, sob a tutela do diretor Wolf Maya.
Foi a parceria com Wolf que levou  Adriana ao mundo do teatro cantado. O primeiro musical que contou com sua participação foi “Cabaret Brasil”, em 1997, na companhia de Danielle Winits, com quem futuramente voltaria a dividir os palcos em “Chicago”, o espetáculo que fez saltar a carreira da atriz. Ainda com Wolf , Adriana esteve no elenco da comédia musical “Relax, It’s Sex” no ano de 1999, acompanhada por nomes como Heitor Martinez, Nelson Freitas, Marcelo Saback, Malu Valle e novamente Daniele Winits.
Ao passar por essas experiências e tomar gosto pelo gênero, Adriana sentiu a necessidade de investir mais um pouco na carreira e começou a procurar aulas de canto. “É impressionante fazer musical, ele é tão intenso, te modifica e exige uma dedicação tão intensa que muda por completo a sua vida. Você faz um e daqui a pouco quer fazer todos os espetáculos!”, comenta a atriz sobre o impacto do gênero teatral em sua carreira.

Formação autônoma em musical

De maneira semelhante à vida de muitos atores, Adriana teve uma formação autônoma dentro do gênero musical. Graduada pela Casa de Artes de Laranjeiras – CAL, a atriz complementou seus estudos em canto na Operária em São Paulo. Também fez preparação vocal com Danilo Timm e Ester Elias para os espetáculos “Como Vencer na Vida Sem Fazer Força” e “Gypsy”, ambos dirigidos pela dupla Charles Möeller e Cláudio Botelho.
“Dando uma dica para os estudantes e profissionais interessados, eu indicaria procurar um bom professor de canto que tenha domínio do belting, técnica norte-americana mais usada em teatro musical. Muitos iniciantes procuram aulas de canto, mas não fazem a escolha certa da modalidade a ser estudada, pois existem várias técnicas diferentes, como o canto popular, o lírico, etc… Também é bom fazer aulas de ballet clássico, porque é a base de tudo em dança no musical.”
Foi no meio desse processo de aprendizado que Adriana ficou sabendo sobre a montagem nacional de “Chicago”, entre 2003 e 2004, pelas mãos da CIE Brasil, hoje Time 4 Fun. “Chicago foi um dos primeiros espetáculos que eu assisti quando fui pela primeira vez a Nova York. Mas eu ficava chateada, pensando que no Brasil não haveria musicais de porte semelhante. Quando eu soube da montagem, já tinha adquirido o CD e as partituras da peça e intensifiquei os meus estudos”  relembra Adriana.

Desafios em “Chicago”

Daniele Winits, Daniel Boaventura e Adriana Garambone caracterizados para "Chicago"
Daniele Winits, Daniel Boaventura e Adriana Garambone caracterizados em “Chicago”
Chicago pode ser considerado um marco na vida de Adriana. Foi o primeiro papel protagonista da atriz em um espetáculo da Broadway, onde ela viveu a nada ingênua Roxie Hart, ao lado de Daniel Boaventura, no papel de Billy Flynn, Jônatas Joba como Amos Hart, Selma Reis como Mama Morton e Daniele Winits como Velma Kelly. Durante a montagem do espetáculo, Adriana teve uma experiência enriquecedora ao entrar em contato com o diretor norte-americano Scotte Faris, o mesmo que montou o revival do espetáculo na Broadway, em 1996, o coreógrafo Gary Chryst, especialista nos estilo de dança de Bob Fosse, e outro grande nome do teatro musical brasileiro, Jorge Takla, na época, diretor residente.
Entre os desafios de Chicago, estava o nervosismo. Era a primeira vez que apresentávamos um musical daquele porte e nós recebemos muitas informações. Por exemplo, não estávamos habituadas com a orientação numérica do palco que guia os atores durante a execução das danças. É comum nos Estados Unidos, os atores possuírem um background em canto e dança, no ‘jeito’ de fazer teatro musical. Aqui nós (Eu e a Dani) éramos muito cruas no assunto. Foi muito aprendizado ao longo de seis semanas. A gente estreou o musical ainda muito insegurass, comenta a atriz sobre sua estreia em Chicago.
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Pôster da versão brasileira de Chicago, com Adriana Garambone e Daniele Winits FOTO: Divulgação
“Chicago mudou a minha vida, abriu portas. Hoje estou há oito anos na Rede de TV Record e foi por conta do sucesso do musical em São Paulo que eu recebi esse convite. E eu também cresci muito como atriz, ficamos oito meses em cartaz no Teatro Abril com a casa lotada. Hoje é dificil você ficar tanto em cartaz em um único teatro”, diz Adriana
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Retorno aos palcos com ‘Gypsy”

Adriana Garambone na pele da stripper Gypsy Rose Lee
Adriana Garambone na pele da stripper Gypsy Rose Lee Foto: TV UOL
Após o sucesso em Chicago e os vários papéis em novelas na televisão, Adriana retornou ao palco em 2009, com Gypsy. A ideia partiu da própria atriz, que se identificou com a protagonista, a stripper Gypsy Rose Lee, estrela do musical “Gypsy”, e comprou os direitos para produzir o espetáculo, em conjunto com Totia Meireles, Claudio Botelho e Charles Möeller. Esse foi o segundo trabalho da atriz com a dupla, após “Cole Porter – Ele nunca disse que me amava”, musical que conta a vida do compositor norte-americano.
“Era um sonho que eu tinha fazer esse musical e eu era louca para fazer um trabalho com essas proporções junto aos meninos (Charles e Claudio). Depois de emendar uma novela após a outra na TV e estudar ballet e canto por cinco anos, “Gypsy” foi uma consagração de tudo o que eu havia estudado!” comemora a atriz com um sorriso largo no rosto.
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Adriana Garambone e Totia Meireles como mãe e filha em “Gypsy”

A surpresa de Hedy La Rue em “Como Vencer na Vida Sem Fazer Força”

Quando assistiu à recente remontagem de “How Succed in Business Withou Really Trying” na Broadway, Adriana confessa que não compreendeu porque a dupla Möeller e Botelho decidiu trazer um espetáculo bastante americanizado para o  Brasil. Depois que eu li o texto adaptado, quando descobri que aqui no Brasil a empresa onde se passa a peça seria a maior fabricante de ‘rebimbocas da parafuseta’, eu ri demais e pensei comigo mesma: os caras (Charles e Claudio) são visionários mesmo, eles sabem o que aquilo pode se tornar, coisa que a gente quando assiste não consegue captar”. 

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Adriana Garambone e Gregório Duvivier em “Como Vencer na Vida Sem Fazer Força”
Uma das principais marcas de sua personagem em “Como Vencer na Vida Sem Fazer Força”, a secretária sexy, porém desprovida de talentos intelectuais Hedy La Rue, é a voz aguda usada por Adriana para dar vida ao papel. “Lá nos Estados Unidos é comum o estereótipo da loira burra com voz de taquara rachada, eles acham até sexy. Aqui no Brasil não é algo que se vê o tempo todo e eu acredito que o sucesso da Hedy foi essa coisa caricata da personagem. Nos ensaios eu ria muito e o meu termômetro para o meu trabalho eram as risadas do Charles e do Claudio” .

A personagem foi um presente para Adriana, que roubou a cena na comédia musical protagonizada por Gregório Duviver e Luís Fernando Guimarães. “Daqui para frente eu quero mais surpresas como a Hedy. Talvez há alguns anos atrás essa personagem não estaria entre a minha lista de papéis que eu gostaria de fazer, mas a experiência de interpretá-la foi tão prazerosa que ficará guardada como aprendizado. Um conselho que eu dou para quem está no mercado é não ficar viajando demais com determinado personagem, por que isso pode te causar uma frustração, tiro como exemplo a minha própria experiência em Chicago, quando fiz teste para a Velma Kelly, mas o diretor disse que eu era o perfil da Roxie… Eu custei a entender que a Roxie para mim foi uma brilhante escolha. Talvez tenha sido muito melhor (e foi mesmo) do que se eu tivesse feito o papel da Velma”.
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