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“O Mágico de Oz” estreia em São Paulo

“A Broadway é Aqui!” esteve na coletiva do musical “O Mágico de Oz”, que aconteceu na tarde de terça-feira, 19, no Teatro Alfa, e conta algumas curiosidades que rolaram num bate papo descontraído, seguido da apresentação de três belos números musicais. Alguns atores falaram sobre suas impressões, experiências e expectativas e responderam as perguntas da imprensa com naturalidade, simpatia e muito entusiasmo…

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Claudio Botelho (Foto: Fék Benvenuti)

Após quatro meses em cartaz no Rio de Janeiro, a versão do espetáculo “O Mágico de Oz”, de Charles Möeller e Claudio Botelho, chega ao palco do Teatro Alfa, em São Paulo. A estreia oficial acontece hoje, com a promessa de agradar os paulistas em uma temporada de muito sucesso. Escrita em 1901, a história é baseada na obra de Lyman Frank Baum, e teve sua primeira montagem nos palcos em 1903. Nos cinemas, chegou em 1939, consagrando Judy Garland no papel principal: Dorothy, a doce menina do interior.

Para a estreia na capital paulista, apenas alguns nomes no elenco foram substituídos. No musical, a dona dos emblemáticos sapatinhos de rubi (assinados pelo estilista Fause Haten, responsável também pelo figurino) é interpretada por Malu Rodrigues, que se transforma por baixo da peruca morena, a jovem que mora em uma fazenda com seus tios, papeis interpretados pelos atores Bruna Guerin (que também faz Glinda, a Bruxa Boa) e Fernando Vieira, vai parar no curioso e fantástico mundo de Oz após um forte tornado, a na companhia de seu cachorro Totó, trilha a famosa estrada de tijolos amarelos na tentativa de voltar para casa, e é nessa aventura que conhece três dos mais famosos personagens do clássico: o Espantalho, agora vivido por André Torquato, que entra no lugar de Pierre Baitelli, o Homem de Lata, personagem do ator italiano Nicola Lama, e o Leão Covarde, interpretado por Lucio Mauro Filho. Juntos, o quinteto sai em busca do grande Mágico de Oz, personagem-título, vivido por Luiz Carlos Miele, que faz o homem poderoso, capaz de realizar seus desejos mais contidos… Mas para chegar até ele, o quarteto enfrenta as armadilhas da Bruxa Má, personagem que com a saída de Maria Clara Gueiros, passou a ser da também divertida Heloísa Périssé.

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Claudio Botelho e elenco (Foto: Fék Benvenuti)

A superprodução que ficará em cartaz por três meses conta com 35 atores, 16 músicos, 14 cenários super coloridos e muitos efeitos especiais, como o ciclone, explosões, voos, fogos, e até uma cena em que a bruxa derrete. Já está tudo pronto no Teatro Alfa para receber o primeiro espetáculo de 2013, e inaugurar o circuito paulista de teatro musical.

Claramente com uma temática infantil, o espetáculo consegue quebrar esse pré-conceito de modo que fique atrativo e convidativo a todos; Alguns detalhes no texto, algumas piadas com certo “Q” adulto, alguns improvisos, a questão da sexualidade do Leão Covarde, todas essas coisas mostram que ele não foca especificamente uma idade ou um público, e que ao mesmo tempo, as crianças já não são tão limitadas. A proposta dele é livre para agradar, divertir e emocionar, e sobre isso, os atores comentam:

Nicola Lama, Malu Rodrigues, Luiz Carlos Miele, Lucio Mauro Filho e André Torquato (Foto: Fernanda Benvenuti)
Nicola Lama, Malu Rodrigues, Luiz Carlos Miele, Lucio Mauro Filho e André Torquato (Foto: Fék Benvenuti)

Miele: O Mágico de Oz não é só um espetáculo infantil, muitos amigos meus que foram assistir tiveram esse equívoco. É para ir com os filhos, a esposa…”.

 Heloísa: “No século XXI, não existe mais o “tira a criança da sala”, os filhos ensinam os pais, não há mais essa imensa censura o mundo ta acontecendo e você tem que trocar a roda do trem com ele andando. A criança ouve, filtra, tem aquele ouvido seletivo, o que interessa fica e o que não interessa vai… O adulto já saca… Pode participar, é para a família, para todas as idades”.

Lucio Mauro Filho (Foto: Fék Benvenuti)
Lucio Mauro Filho (Foto: Fék Benvenuti)

Lucio: “Sobre a linguagem… Era uma questão, quando eu li o texto pela primeira vez e vi a piada da lata, o leão sentado em cima da lata, eu fui ao Claudio e perguntei: “Claudio, é isso mesmo”, e ele disse: “Tá no original”, e para a minha surpresa realmente estava, e eu comecei a perceber que era uma história contada para todas as idades, e por isso mesmo tem piadas para todas as idades, é claro que a gente fica com uma preocupação, se vai pesar, se vai incomodar, se vai ofender, e para minha surpresa, realmente a maldade está na cabeça do adulto, não está na da criança que tem a mente mais livre, mais aberta… A própria questão gay do Leão nunca foi comentada pelas crianças, e elas hoje em dia sabem de tudo, desde a escola. Foi uma surpresa para mim e ao mesmo tempo um alivio perceber que é uma dramaturgia tão bem feita, que mesmo as piadas mais picantes funcionam para o setor dos adultos, assim como as piadas mais infantis, funcionam lindamente para as crianças que jogam vídeo game de luta, já assistem novela, já dormem mais tarde, veem cenas fortes em filmes como o Senhor dos Anéis e o último Harry Potter. Essas crianças já estão mais acostumadas a entender determinadas abordagens, e no caso específico, das piadas mais picantes, elas graças a Deus passam mais despercebidas. Isso é prova da qualidade da dramaturgia e de que o preconceituoso na verdade fui eu”. 

Cena do número musical
Cena do número musical “Papoulas” (Foto: Fék Benvenuti)

Mas ainda que o foco se misture e entrelace bem durante a trama, é inevitável dizer que as crianças não são associadas ao tema, e particularmente para alguns atores, elas têm seu envolvimento direto. É o caso das filhas de Heloísa, que fizeram campanha à favor para que ela aceitasse ser a Bruxa Má e de Lucio, que assim como Nicola, é pai de um casal. Todos eles foram influenciados consideravelmente por seus expectadores mais especiais, os filhos, que foram fundamentais e contribuíram para que seus personagens fossem um sucesso desde os processos de criação, até depois de prontos.

Nicola: “É realmente incrível fazer um trabalho em que você consiga envolver os filhos, eu venho de várias experiências de teatro adulto e produções minúsculas, auto-produções, e eu nunca tive a experiência de poder trabalhar junto com eles o texto, de poder ficar lá passando as músicas, o filme, passa três, quatro, cinco vezes no dia, minha filha já sabe todas as cenas, é bom poder levar o trabalho pra casa e curtir ainda mais e ver como aquilo é permeável por eles de uma forma, que acaba refletindo esse encanto”.

Lucio: “Meus filhos são muito apaixonados, apaixonados pelo grupo, já assistiram mais de 20 vezes e tá difícil explicar pra eles que eles não vão estar aqui todo fim de semana. Quando a gente ficou sabendo que a Clarinha não ia fazer a bruxa aqui, eles ficaram muito nervosos, mas ai quando souberam que era a Lolô, acalmaram muito, porque elas são muito apaixonados pela “Tia Lolô”, e realmente foi uma substituição a altura, e agora eles estão querendo conhecer esse tal de André Torquato, pra saber se ele é tão bom quanto o Píerre, mas eu já avisei que o cara arrebenta mesmo! Eles estão muito ansiosos”.

Com a temporada no Rio, os atores já se encontram completamente envolvidos e bastante entrosados, e para os veteranos, é isso que trazem na bagagem. Para os que chegam agora, ainda que entre uma dificuldade e outra no sentido de adaptação, o ambiente já lhes é familiar e acolhedor, o que também inclui a relação com os cãezinhos que fazem parte do espetáculo, e isso eles transparecem em seus comentários:

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Malu Rodrigues e Totó (Foto: Fék Benvenuti)

Malu: “A relação com os Totós foi meio complicada no início, a gente optou por usar exatamente a mesma raça do filme, mas descobrimos que eles são muito teimosos e por isso são muito difíceis de adestrar, fazem o que estão afim na hora, então a gente começou apanhando deles, na primeira semana as vezes eles não entravam, mas não tem outro jeito, ele é a estrela do espetáculo, ele é lindo, é o mais aplaudido sempre, por mais que ele não faça nada. Não só eu, mas o elenco inteiro, a gente tem que ter um cuidado, porque a qualquer momento pode rolar um xixi, essas coisas acontecem. São três Totós, eles tem um camarim só deles, a gente reveza para eles não ficarem cansados, de saco cheio e optamos por botar coleira, porque era difícil ficarem sozinhos no palco, mas eles são uns amores, o elenco inteiro paparica, é um xodó”.

Heloísa Périssé como a Bruxa Má (Foto: Fék Benvenuti)
Heloísa Périssé (Foto: Fék Benvenuti)

Heloísa: “É difícil entrar num espetáculo assim, porque é como uma roda girando, a roda já estava girando, mas as pessoas foram tão maravilhosas… Claro que a presença do Lucinho para mim foi definitiva nessa história, foi uma parte de eu ter aceitado fazer, pensei: “Se o Lucinho está nesse grupo eles devem ser ótimos”, e realmente, eles são geniais, só posso agradecer a Deus, aos meus amigos, aos novos amigos, a produção, e a oportunidade de fazer a Broadway no Brasil. Espetáculo lindo, afiadíssimo. Esses dias eu disse ao Claudio, que se eu tivesse ficado no backstage eu não teria aceitado, é uma loucura… Então foi difícil nesse sentido, e Clarinha fazia de uma forma impar, eu chorei de rir com ela no espetáculo, só que eu disse: “Vou assistir ao vídeo dela e depois eu vou fazer minha bruxa”. A dela é uma bruxa mais decidida, mais irônica, a minha bruxa é mais deprimida, tá passando por conflito, é mais bipolar (risos), mas tá sendo um trabalho incrível”.

André: “Trabalhar com pessoas que admiramos é ótimo, mas não só eles, com o elenco inteiro. Todos nós estamos aqui pra contar a mesma história, seja a Dorothy, ou o macaco, estão todos com o mesmo objetivo aqui, e eu acho que a gente aprende um com  o outro, o que é muito legal, é uma honra para mim poder fazer parte desse grupo e contar essa história”.

André Torquato (Foto: Fék Benvenuti)
André Torquato (Foto: Fék Benvenuti)

Lucio: Aprendi com o elenco, os bailarinos, foi fundamental pra mim, tenho grandes professores dentro do espetáculo e continuo aprendendo a mesma coisa. Quando cheguei aqui, a duas semanas atrás, de férias, pra ver a galera de São Paulo, abri a porta e vi a turma num nível, que eu falei: “Nossa como é que pode, fiz quatro meses de espetáculo e estou atrás, vou ter que correr atrás dessa gente extremamente profissional, extremamente talentosa”. São grandes cantores, grandes bailarinos… O Andrézinho chegando de uma experiência fantástica de “Priscilla”… Dá um orgulho de ser brasileiro, num pais que a gente não tem nada, não tem estudo e vai lá e faz, aprende e chega… Muito desse aprendizado que a gente infelizmente não tem nas escolas e nas universidades de teatro, a gente tem fazendo trabalhos como esse. Ao mesmo tempo em que eu tenho a minha experiência de 38 espetáculos, eu continuo aprendendo enormemente com as pessoas do teatro em geral, e especialmente aqui no “Mágico de Oz”.

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E quando perguntados sobre o que esperam da plateia paulista, Lucio e Heloísa tem a mesma opinião a respeito, mas ele a complementa e justifica:

Lucio: “A plateia de São Paulo é diferente da de todo Brasil, é uma plateia mais informada, que está mais acostumada a ir ao teatro e por isso mesmo é mais exigente, e isso dá um sabor, tipo: “Tá, fizemos no Rio, agora vamos conquistar São Paulo”. Quando é aqui, é diferente; Eu enquanto não faço uma peça em São Paulo não tenho certeza da sua qualidade e do quanto ela chega à plateia, justamente por ser um público mais informado. Tem gente que fica chateada quando eu digo isso no Rio, mas é verdade, aqui é um lugar onde existem muitas opções culturais, as pessoas são acostumadas a sair para lugares assim… No Rio de Janeiro as pessoas saem para lugares mais informais, como ir à praia e ao Jardim Botânico, já aqui, como não tem essas válvulas de escape, então a válvula é a cultura, a boa comida, e por isso, nesse sentido há o frio na barriga, eu estou nervosíssimo, para mim, essa é a estreia de “O Mágico de Oz”, para o grande público de São Paulo, e a expectativa é enorme, porque não tem jeito, é diferente, e o paulistano por todas essas razões e coisas da cidade, é um publico muito especial e a gente tá muito afim que eles nos amem porque a gente ama São Paulo”.

Elenco (Foto: Fék Benvenuti)
Elenco (Foto: Fék Benvenuti)

Confira na íntegra as fotos da Coletiva.

► O musical “O Mágico de Oz” fica em cartaz no Teatro Alfa até o dia 26 de Maio, com sessões de sexta à domingo.

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Grazy Pisacane

Jornalista Cultural e Assessora de Imprensa, especializada há 10 anos no mercado de teatro musical.

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