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Tullio Costa: um novo nome e uma nova idéia para o teatro musical

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Ele é mineiro, de São Sebastião do Paraíso, e tem apenas 25 anos, mas já vive uma longa relação de envolvimento com a música, o que inclui o início de um romance com o teatro musical, novidade que conta em primeira mão para o “A Broadway é Aqui!”

Tullio Costa é músico e compositor formado pela Escola de Música do Estado de São Paulo – Tom Jobim (EMESP), e os primeiros passos dessa história começaram aos 11 anos de idade, quando ele decidiu que queria ser concertista. Dois anos depois, foi estudar música em um conservatório em Ribeirão Preto, na cidade vizinha, de lá ele ia e vinha para cursar 8 horas por dia, o que exigia dele muita dedicação. Nessa mesma fase, o foco de Tullio naturalmente se ampliou, dando espaço também para o teatro musical, que chegou até ele através das canções de Andrew Lloyd Webber, e sobre essa época, ele relembra: Era uma loucura. Ser pianista requer um equilíbrio e um preparo psicológico/emocional que não tinha ainda. E não tenho talvez. Foi nessa época que alguma coisa realmente aconteceu. Os musicais chegaram pra mim através de um álbum de músicas do Andrew Lloyd Webber. Aquilo foi eletrizante. Até então, só havia escutado aquela música pensando na canção em si. Foi então que, e me lembro disso muito bem, assisti Evita, (nem sabia de quem, nem do que se tratava) com o Banderas e a Madonna, lembro que loquei o vídeo pelo nome que li atrás, na capa: Andrew Lloyd Webber. Assistindo aquilo, o estalo veio: como eram possíveis aquelas músicas tão lindas, contar uma história maior ainda, e tudo aquilo muito bem costurado e escrito? Devo o meu primeiro capítulo de Teatro Musical às músicas do Andrew. Trago por ele, até os dias de hoje, uma admiração e um respeito de um discípulo com o seu Mestre”.

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Após essa “apresentação” especial, Tullio mergulhou no mundo do teatro musical e em todo tipo de informação sobre ele. Ouviu centenas de espetáculos, estudou as partituras, se aprofundou de forma geral no gênero, e então, deu início às suas aulas de composição… Aos poucos, sua curiosidade se misturava com admiração, resultando em um envolvimento muito maior, que ia além de um gosto pessoal, ao ganhar um Q de profissional, transformação essa que aconteceu depois de uma vinda à São Paulo, especialmente para conferir de perto – e pela primeira vez – o grande clássico da Broadway, “O Fantasma da Ópera”, presente do seu pai e que teve peso fundamental naquele momento tão decisivo, seu divisor de águas, de onde nasceriam ideias para seus novos passos rumo a sua própria estreia, e sobre ele, saudosamente se recorda: “Aquela noite, ainda no teatro, decidi que seria aquilo o que buscaria e o que queria viver. Não tenho palavras pra descrever as impressões que tive daquele espetáculo. Toda uma visão teatral começou a me guiar enquanto escrevia no piano. Comecei a rabiscar melodias para uma história de uma ópera que havia me apresentando no conservatório. E foi com a Turadont (Puccini) que encontrei um primeiro roteiro que gostaria de trabalhar. Tinha pouquíssima noção de teatro, e do valor daquela ópera, mas a vontade de escrever para uma história e sentir minha música em cena eram excitantes pra mim. Aí que começo no teatro… Refiz toda a música para a história, 29 números e chamei de Sarah, minha primeira experiência escrevendo para o teatro”.

Sobre o galinheiro…

403509_395522800483995_66655680_nAtualmente, Tullio se encontra envolvido em um novo projeto que conta com sua participação na produção em dose tripla, como coautor, compositor e arranjador. “Lua Cheia – O Galo Socorro” é um espetáculo musical brasileiríssimo, em fase de acertar seus últimos detalhes, e que conta a história de um amor quase impossível entre o galo Socorro e a galinha Lua Cheia, que descobrem o amor em meio aos acontecimentos cotidianos do galinheiro onde vivem. Mas, como todo romance, passa por suas desventuras, e nessas, eles terão suas vidas e a de todos à volta bastante marcadas… Mas de acordo com o compositor, o que parece simples e comum será levado até as últimas consequências no roteiro, e sobre sua intenção de proposta com o projeto, ele adianta: “O musical procura associar a agitação e frugalidade comuns à vida das galinhas com toda teatralidade que o gênero exige e permite. São tratados temas como a liderança, a amizade, o ciúme, o medo, a disputa, a sobrevivência e a perda. Estes temas estão ancorados no amor de Socorro e Lua Cheia, pois é este amor que vai ressignificar a vida no galinheiro”.

O texto e a ideia prometem atingir e agradar a todas as idades, mas ainda que aparentemente tenham uma temática infantil, de acordo com Tullio, este não é exatamente o foco. “Ele se torna infantil, quando usamos personagens animais. Isso aproxima a história de uma fábula. Temos um roteiro simples, se olharmos superficialmente, porém todas as faixas etárias podem muito bem aproveitar o espetáculo. Existe uma mensagem muito forte por detrás de cada personagem. As crianças olhariam toda a plástica, as ideias da vida no Galinheiro, porém, penso eu, que jovens e adultos pegariam mais a parte tragicômica que o musical traz”.

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Primeiro Sarau – Minas Gerais, 2010 (Foto: Arquivo Pessoal)

Toda a ideia do projeto surgiu ao final de 2009, partindo de um momento bastante particular na vida de Tullio Costa, durante uma fase de altos e baixos, e de acordo com ele, “quando tudo parecia dar errado”, depois de planos frustrados de uma viagem para Europa e contas para pagar, onde foi preciso até mesmo que vendesse seu piano para quitá-las… Passada sua estadia em São Paulo, que durou um ano, ele retornou à casa dos pais, em Minas Gerais, e relembra com detalhes, a luz que teve em meio às dificuldades, numa noite coincidentemente iluminada: “Foi uma época com muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo pra mim. Numa madrugada, de uma janela que dá pra uma casinha vizinha, muito simples, nos fundos de casa, comecei a ouvir um galo cantando, quase gritando na verdade. A sensação que tive, era que ele estava cantando Socorro! Tinha conseguido comprar um teclado, bom até, o que me ajudava a manter meu contato com a música. Aquele galo não parava de gritar, a noite estava clara por causa da lua. Fui para o teclado e escrevi uma peça sem pretensões que dei o nome de “LUA CHEIA – O Galo Socorro”. Uma peça curta, de um minuto e pouco, e guardei. Nas noites seguintes, reuni alguns amigos em casa, e já bem tarde, resolvi contar sobre o tal Galo, e mostrar a música que tinha escrito. Todos começaram a questionar os motivos pelo qual ele cantaria Socorro…”.

Entre os amigos ali presentes, estava também Adriano Lima, professor e escritor, que viu a mesma “luz” que ele e comprou sua ideia na hora… “Propus o desafio a ele de contar a história do Galo Socorro. Uma crônica, algo simples, e eu comporia uma trilha para história. Dois dias depois, recebi um e-mail do Adriano, era o “Galo Socorro”. Duas páginas contando uma trágica e acreditem, comovente história de amor entre um Galo e uma Galinha. Minha cabeça foi o mais longe que pôde enquanto lia aquelas palavras. Eram simples, incrivelmente simples e lindas! Trabalhei uma semana a música no texto e entreguei uma trilha de uns 12 minutos para ser ouvida de fundo com um narrador. Mostrei para o Adriano a música e decidimos reunir os amigos outra vez para mostrarmos nosso novo trabalho… Foi uma febre na turma! Todos queriam saber mais e mais sobre aquela história… A música funcionou muito bem com o texto. Alguns dias depois, propus algo maior ainda para o Adriano, transformar aqueles 12 minutos de música e texto, ainda separados, em um musical”.

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Primeiro Sarau – Minas Gerais, 2010 (Foto: Arquivo Pessoal)

O desenvolvimento aconteceu durante todo o primeiro semestre de 2010, e assim que a dupla terminou de escrever, tentaram algumas experiências em Minas Gerais, onde se apresentaram. Como uma espécie de termômetro, a ideia era sentir o espetáculo, testar as músicas, as cenas, o texto e tudo que pudesse gerar alguma reação de impacto no público, e após a exibição em Minas, Tullio fez as malas e retornou à São Paulo, onde surgiram novos e fundamentais contatos; Conheceu o diretor, iluminador e professor Iacov Hillel, que acabou sendo sua ponte com novos passos rumo a realização do projeto: a produção e a escolha do elenco. “Ele me levou até o Marllos Silva que topou a parceria de produzir o espetáculo. Daí, até todos os processos de Rouanet e as burocracias do processo, começamos a sondar nomes de atores para os papéis”.

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Frederico Silveira, Tullio Costa e Jorge de Godoy Monteiro (Fotos: Arquivo Pessoal)

Já em fase de tirar as ideias do papel e colocá-las em prática, tudo está em ritmo de desenvolvimento e preparação, o que inclui até mesmo um planejamento de elenco. Ao lado dele e do pianista Jorge de Godoy Monteiro, artistas conhecidos no mundo dos musicais, como Beto Sargentelli, Jonathas Joba, Andreia Vitfer, Frederico Silveira, Rebeca Elts, Vicki Araujo, Anna Beatriz Jordao, Carlos Sanmartin, Caroline Nascimento e o pequeno Matheus Braga, abraçaram a ideia e de acordo com ele, foram parceiros e amigos essenciais na primeira etapa, ao participarem da primeira leitura dramática do texto, que aconteceu em julho de 2012, e que o deixou bastante satisfeito. A primeira leitura foi um grande presente. Logo depois que experimentamos a peça em Minas, trabalhei algumas questões como detalhes de orquestração, letras e texto. Duas novas músicas foram acrescentadas pra que a história fluísse melhor. Pudemos sentir o musical revisado, e gostamos do que assistimos. Trabalhamos isso com um elenco ideal, pra mim”.  

Atores na primeira leitura dramática - 2012 (Fotos: Arquivo Pessoal)
Atores na primeira leitura dramática – 2012 (Fotos: Arquivo Pessoal)

Totalmente dedicado, Tullio também é responsável por toda a trilha do espetáculo, que trás em sua forma muitas características dos clássicos musicais, onde a música não ajuda a contar a história, ela É a história! Com uma proposta onde as falas dão lugar às canções, elas foram basicamente desenvolvidas em cima da primeira trilha que escreveu para a crônica, a pouco mais de três anos, e que ele define comouma atmosfera mais jazzística, e com canções no clássico estilo Broadway”. E ainda que tudo pareça encaminhado, ainda não é possível falar em datas, locais de apresentação e até confirmar quem integrará esse time especial, da equipe ao elenco, o que inclui também os patrocinadores, que ainda estão em busca.

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Tullio Costa (Foto: Arquivo Pessoal)

As coisas não são tão fáceis como podem parecer e com seus pés no chão, ele explica o porquê, finalizando a entrevista com entrelinhas especiais: “A criação de um musical segue várias etapas. É um processo árduo e que leva tempo. A parte da escrita em si, é realmente a mais fácil. Levei um tempo até entender isso. Temos o desafio ainda de impor algo inédito, o que em partes, gera alguns entraves um tanto maiores. Ainda estamos em etapas burocráticas e tentando alianças com parceiros e patrocinadores. Não temos previsão de estreia ainda. E claro, aproveito a oportunidade para convidar pessoas simpáticas ao projeto a vir trabalhar com a nossa equipe”.

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Atores na primeira leitura dramática - 2012 (Foto: Arquivo Pessoal)

 

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Assista outros vídeos em seu canal do Youtube: Tullio Costa

(http://www.youtube.com/user/TCARTEMUSICA)

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